Introdução: Dentre as dificuldades no processo de envelhecimento, a violência é uma preocupação mundial, pois compromete a qualidade de vida do idoso provocando doenças físicas, psíquicas e até mesmo a morte. A violência contra o idoso é definida como um ato único ou repetido ou mesmo a omissão, podendo ser tanto intencional como involuntária, que cause dano, sofrimento ou angústia. A violência acontece numa relação onde há expectativa de confiança, sobretudo dos filhos, cônjuges, da comunidade e da sociedade de um modo geral. Quanto ao tipo, pode ser classificada como violência física, psicológica, sexual, financeira/econômica, medicamentosa , emocional/social, abandono, negligência e autonegligência. Dados de uma pesquisa realizada em 2007 revelam que, dos 18 milhões de idosos brasileiros, 12% já sofreram algum tipo de violência, das quais 54% foram causadas pelos filhos. Trata-se de um agravo de notificação compulsória. Objetivo: Caracterizar os casos de violência contra o idoso no Brasil nos últimos cinco anos. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, transversal. Utilizou-se dados de origem secundária, provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, referente aos casos de violência contra idosos no Brasil, entre os anos de 2009 a 2014. A violência foi analisada por sexo da vítima, tipo de violência e violência de repetição. Resultados: No período estudado, ocorreram 38.990 casos de violência contra o idoso no país. Com relação ao sexo, cerca de metade dos casos notificados ocorreram contra pessoas do sexo feminino (54%). Com relação à ocorrência de violência de repetição, 52% das notificações que preencheram essa informação constam como sendo caso de repetição. O tipo de violência mais prevalente foi a violência física (24.553 casos), e o menos prevalente foi a violência sexual (862 casos). É importante ressaltar que em uma única ficha de notificação, podem ser notificados mais de um tipo de violência. Conclusão: É de extrema importância a identificação do cenário da violência contra o idoso como o primeiro passo para se estudar esse fenômeno e conduzir medidas de enfrentamento desse problema de saúde pública, tendo em vista o percentual importante de casos de repetição. A subnotificação é uma limitação desse estudo, entretanto, o mesmo oferece dados que podem servir de auxílio para a criação de estratégias de enfrentamento e prevenção desse problema. Também salienta-se a necessidade de novos estudos, visto que ainda há muitas lacunas a serem preenchidas no âmbito da violência contra o idoso, sendo fundamental a ampliação da produção científica na área.