As mudanças das sociedades, caracterizadas por uma transição epidemiológica e uma transição demográfica,
apontam para uma necessária reformulação do modelo de atenção à saúde, de modo que seja possível, além de garantir o direito à saúde, lidar de forma mais adequada (eficiente e eficaz) com as necessidades de saúde resultantes desse cenário. Uma vez que este tema vem ganhando destaque em função do envelhecimento da população e do predomínio das doenças e agravos não transmissíveis, como uma alternativa aos modos já instituídos de cuidado, A Atenção Domiciliar desponta como uma potente modalidade de práticas de saúde, produzindo uma assistência que favorece a criação de vínculo entre trabalhador, usuário e família, o acolhimento, a humanização e o desenvolvimento de corresponsabilidade.
Considerando que este estudo propõe a investigação de um “fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real” este estudo tem por objetivo realizar uma avaliação preliminar da implantação dos serviços de atenção domiciliar, no âmbito do SUS e, construir bases teóricas/metodológicas para modelos de decisão aplicados a análise de políticas públicas no campo da Atenção Domiciliar. Optou-se por realizar um estudo de cunho exploratório, através de uma abordagem quantitativa, envolvendo a coleta de dados secundários, por meio de registros do programa, assim como de documentos padronizados pelo Ministério da Saúde, com análise de séries temporais para medir a cobertura e resultados mais significativos no que se refere ao atendimento prestado pelos Serviços de Atenção Domiciliar.
Após sistematização dos resultados, e apresentação em gráficos observa-se entre os principais resultados a identificação do público alvo de atendimento – concentrando-se em idosos, a grande expansão nos últimos anos e a dificuldade que os municípios menores possuem com esta clientela, visto a grande adesão desta faixa de municípios.
O cenário de disputas pela legitimação e consolidação do Atenção Domiciliar e do SUS demanda cotidianamente reflexão sobre as políticas públicas instituídas e, diante do pouco volume de estudos sobre a Atenção Domiciliar, e escassez de análises deste tema enquanto política pública, faz-se necessário realizar outras análises de modo a contribuir para a discussão sobre o contexto, o processo de implementação e os atores atuantes neste processo de implantação e desenvolvimento de uma nova política pública.