Resumo
Introdução: O processo de envelhecimento traz novas demandas para a sociedade, assim é necessário que as políticas públicas de saúde estejam preparadas para estas necessidades emergentes. Nesta perspectiva, as intervenções a serem realizadas devem levar em consideração a promoção da autonomia e independência da pessoa idosa, estimulando-a para o autocuidado. Neste contexto, existem iniciativas que buscam integrar/complementar o modelo médico-farmacológico, através da introdução das práticas integrativas e complementares. Diante disto, questiona-se quais as práticas integrativas e complementares utilizadas na atenção aos usuários idosos de uma Estratégia Saúde da Família (ESF) e quais os benefícios para o bem-estar desta população? Desse modo, o presente estudo objetivou analisar os benefícios das práticas integrativas e complementares para o bem-estar da população idosa atendida em uma estratégia Saúde da Família. Método: Trata-se de um estudo de natureza descritiva, do tipo relato de experiência, com análise qualitativa, realizado em uma Unidade de Saúde da Família. O grupo foi composto por pessoas idosas, do sexo feminino e do sexo masculino, em sua maioria aposentados. Cada encontro teve uma média de dez participantes e foram realizados na frequência mensal. Os profissionais de saúde envolvidos eram membros da equipe da Estratégia Saúde da Família -ESF ou do Núcleo de Apoio a Saúde da Família – NASF. Nestes encontros foram realizadas técnicas de relaxamento em dupla, prática de Lian Gong, escalda pés, técnicas de meditação, exercícios de yoga e técnicas de alongamento e respiração. Resultados e discussões: O desenvolvimento de práticas integrativas durante as reuniões do grupo de idosos na ESF, favoreceu a uma maior adesão a esta atividade pelo público alvo, como também, para o crescimento do grupo; proporcionou a construção de vínculos entre os usuários e entre os usuários e os profissionais de saúde; e beneficiou o bem-estar das pessoas participantes. As técnicas utilizadas tiveram boa aceitação e após a sua realização, tiveram relatos de alívio das mialgias, diminuição da ansiedade e da insônia, aumento da disposição na realização das atividades do dia-a-dia, desenvolvimento da consciência corporal e da capacidade de relaxamento, fortalecimento da identidade própria, do autocuidado e da autoestima. As atividades foram desenvolvidas com técnica e adaptadas as condições físicas de cada idoso. Percebeu-se uma maior conscientização, por parte dos idosos, da necessidade de adesão ao tratamento farmacológico, em concomitância a realização de práticas integrativas, para o controle da comorbidades, como hipertensão arterial e diabetes. Conclusões: Este estudo contribuiu na introdução das práticas integrativas e complementares em um grupo de idosos na Estratégia Saúde da Família, favorecendo para o fortalecimento da Política Nacional das práticas Integrativas e Complementares no âmbito do SUS e sua integração com a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. O maior desafio foi desconstruir o paradigma medicalocêntrico e introduzir nova cultura pautada no homem idoso como agente ativo no processo de promoção, prevenção e recuperação da saúde.