Ensinar Matemática de forma convencional tem se tornado cada vez mais desafiador, demandando a busca por métodos que engajem efetivamente os alunos. A abordagem tradicional, centrada na memorização de fórmulas e procedimentos, muitas vezes falha em promover uma compreensão profunda dos conceitos, resultando em um aprendizado monótono e desmotivador. Como alternativa, propõe-se a utilização do Terreiro de Candomblé como ambiente prático para o ensino da disciplina. O Candomblé, religião afro-brasileira que cultua os àw?n Òrì?à, possui uma rica tradição cultural e desempenha um papel crucial na preservação da identidade afro-brasileira. O objetivo é compreender como os saberes culturais do Terreiro podem contribuir para o ensino da Matemática. Para isso, utilizou-se a etnografia para interagir com a comunidade do Ilé Alákétu Àsè Ómí T’Ògún, um Terreiro de Candomblé em Vitória da Conquista, Bahia, sob os cuidados do Bàbálórì?à Loro ty Ò?ògìyán. A pesquisa, de cunho qualitativo-etnográfica, foca nos aspectos culturais do Terreiro que não podem ser quantificados. A Etnomatemática, que busca entender o saber fazer do outro, foi utilizada como programa de pesquisa, identificando o Candomblé como um Afroetnoambiente focado na intencionalidade do aprendizado. A cozinha do Terreiro revelou-se um local ideal para observações, pois a religião gira em torno do alimento. Observações permitiram identificar aspectos matemáticos na confecção do àkàsà e do ?b? oká, alimentos oferecidos aos Òrì?à, bem como nas batidas de palmas conhecidas como paw??. Esses elementos podem ser explorados para ensinar geometria, aritmética, proporções, estatísticas e outros conceitos de forma prática e relevante. Além de tornar o aprendizado mais interessante e conectado à realidade dos alunos, essa abordagem permite que os estudantes se vejam representados no currículo escolar, conforme previsto na Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, promovendo uma educação mais humanizada, inclusiva e diversa.