Esse artigo tem como objetivo apresentar e problematizar as representações que membros da Igreja Católica e visitadores do Santo Ofício da Colônia brasileira tinham em relações às práticas sexuais consideradas antinaturais, especificamente em relação às práticas sodomitas e, ao mesmo tempo, apontar formas de punições aplicadas aos indivíduos acusados de vivenciarem tais “pecados”. Abordaremos o contexto histórico de forma mais geral e faremos um breve panorama de como as práticas sexuais são concebidas historicamente em diferentes sociedades e temporalidades, dando ênfase às práticas homossexuais. Nossa pesquisa se fundamentou nos estudos dos autores que trabalham essa temática, como Ronaldo Vainfas (2007) que considera o período colonial entre os séculos XVI e XVIII como marcado pela intolerância contra os Nefandos a qual ocorre de forma desigual, pois os populares eram as vítimas mais frequentes, ao contrário da nobreza que desfrutava de certos privilégios. Segundo Geraldo Pieroni (2000), rígida era a pena para a sodomia, considerada entre todos os pecados o mais “indigno, sujo e obsceno". Michel Foucault (1994) aponta como discursos científicos, no século XIX, e a define como uma doença, denotando-se como o conceito e as representações de práticas sodomitas foi e é historicamente construído. Verificamos que a sodomia, prática sexual entre pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto a partir do coito anal, sempre foi considerada um tabu e terá como perseguidor o Santo Ofício.