Este trabalho tem por objetivo analisar as dificuldades para a implementação da educação ambiental (EA) conforme a visão de técnicos educacionais da Secretaria Estadual de Educação do Ceará e de professores da área de Ciências Naturais, que se identificam como educadores ambientais no Ceará. A pesquisa tem uma perspectiva qualitativa e utilizou entrevistas semiestruturadas. Participaram da investigação cinco professores do Ensino Médio (premiados por desenvolverem atividades de educação ambiental) e três técnicos da Secretaria de Educação. A análise das transcrições das entrevistas foi mediada pela Análise de Conteúdo. Emergiram cinco categorias, a saber: I) O contexto político-educacional do Ceará; II) A formação docente fragmentada; III) A baixa mobilização dos professores; IV) A carência de recursos e fragilidade nas parcerias; V) O currículo escolar rígido. As principais dificuldades apontadas pelos dois grupos divergem entre si, bem como existe o reconhecimento de dificuldades mais complexas (não restritas a responsabilização docente). Dentre os achados, os docentes possuem um olhar reducionista e não consideram as tramas sociais e políticas que ajudam a produzir pouco investimento nas políticas ambientais, se comparada a outras políticas educacionais. Em adição, as discussões dos docentes centram-se principalmente sobre recursos, métodos e conteúdo. Entretanto, os técnicos percebem disputas mais amplas para a produção da EA escolar, em que essa não é tomada como fundante por estarmos imersos em um modo de produção capitalista. As análises das falas dos sujeitos dessa pesquisa nos ajudam a problematizar discursos que não se restringem apenas às dificuldades específicas para a produção da EA escolar, muito menos à formação fragmentada do professor. Assim, compreender essas dificuldades, trabalha-las a nível local sem perder o aspecto mais amplo das relações de poder, é um dos desafios que perpassam todos os envolvidos neste processo de produção de conhecimento.