Este trabalho analisa a representação da Fêmea fatal e da Deusa em poemas produzidos por homens, evidenciando a função psicológica e mitopoética destes arquétipos ao expressar o imaginário do desejo masculino. O intuito é demonstrar que tanto o arquétipo do Feminino sagrado quanto o profano fundamentam consciente e/ou inconscientemente as imagens construídas pela subjetividade poética, que se revela seduzida pela sensualidade, formosura e sublimidade do Feminino, apesar do conflito promovido pelo inconsciente coletivo que influencia o poeta com concepções moralistas que condenam e maldizem o corpo e a alma da mulher erótica e sensual. Evidencio, portanto, as metáforas do desejo e da negação do desejo masculino, concluindo que, na contemplação extática da Deusa do amor e de seu séquito de fêmeas fatais encarnadas na pele da mulher comum, o eu poético revela a face do Feminino erótico como um mal que ameaça a harmonia espiritual do homem, mas que dela não consegue se libertar.