As racionalidades neoliberais e seu ritmo de produção do espaço que estendem os imperativos do mercado e da propriedade privada ao ordenamento espacial e às disputas pela apropriação e uso do espaço urbano, dominam as cidades atualmente. As características da organização espacial brasileira seguem os princípios da acumulação entravada, onde a fragmentação e a desigualdade no espaço urbano são partes do modelo econômico. Mesmo com a consolidação dos processos participativos, estabeleceu-se um aparato regulatório de políticas urbanas de caráter antagônico ao permitir alguma regulação da produção espacial, mas refreando a implementação efetiva do direito à cidade. Em decorrência dessas dinâmicas, observa-se a evidência de formas de resistência à fragmentação e mercantilização do urbano, buscando a construção de formas colaborativas de produção do espaço. As lutas urbanas se encontram em plena atividade, buscando reconfigurar as cidades através de outras formas de produção do urbano. Desse modo, o objetivo do trabalho é compreender como essas novas formas de organização e luta podem alavancar uma busca mais efetiva pelo direito à cidade. Para tanto, será realizada uma análise de trabalhos recentes sobre os novos movimentos sociais, tendo a cidade de São Paulo como recorte territorial. O estudo justifica-se uma vez que a reflexão crítica da produção do espaço demanda a discussão dos embates e das contradições que surgem entre democratização e neoliberalismo, apontando para a necessidade de analisar a realidade socioespacial brasileira e buscando refletir sobre possibilidades de novas matrizes para a produção do espaço urbano como construção coletiva da sociedade.