No Brasil, há uma mudança da confessionalidade religiosa, com destaque para a transição do catolicismo para o cristianismo evangélico, influenciada pela relação entre igrejas e políticas de Estado. Desta forma, objetiva-se analisar a relação entre a igreja Assembleia de Deus (AD) e poder público, por meio de uma análise das ações sociais da AD, entre os anos de 2014 a 2022. Nesse sentido, a problemática é: as ações sociais das igrejas evangélicas substituem as políticas públicas de Estado? Temos a hipótese de que as ações sociais que as igrejas desenvolvem não substituem as políticas públicas desenvolvidas pelo Estado, uma vez que os projetos criados pelas igrejas atendem um número menor de pessoas; a maioria não é emancipatória, ou seja, contribuem para a manutenção do status quo e são seletivas no território, ainda que seja importante para os que são atendidos por suas ações sociais. Dessa forma, cabe a reflexão em relação às ações sociais das instituições religiosas criarem um simulacro de cidadania. Esta atuação deve ser compreendida como um acordo entre igreja e Estado, onde as igrejas desenvolvem seus projetos sociais e, em contrapartida, o Estado garantiria a consolidação e expansão desta entidade religiosa, porém, articulada com a racionalidade neoliberal. Logo, elas teriam influência significativa para além dos lugares de culto e atuariam nas dinâmicas de perpetuação e legitimação da racionalidade neoliberal ao não promover ações sociais emancipatórias. A pesquisa utiliza dados secundários do IBGE, RAIS e CAGED, material bibliográfico, documental e entrevistas com pastores, fiéis e agentes estatais.