No ensino de Ciências e Biologia, os momentos das aulas práticas são ofertados como complementos das aulas teóricas, seguindo roteiros pré-definidos, nos quais os estudantes são “desafiados” a cumprirem o que se pede para posteriormente entregarem um relatório. As questões que ora venham a ser apresentadas, em geral, são para verificar se os estudantes prestaram atenção ao método e aos fenômenos analisados. Todavia, a natureza do conhecimento científico requer uma ação problematizadora que não se atenta apenas para resultados que dão “certo” a partir de uma perspectiva que busca confirmar os conteúdos trabalhados na sala de aula, mas principalmente verificar os fenômenos não esperados, que são descartados por serem considerados “erros”. A história da ciência relata que as “descobertas” científicas aclamadas não foram necessariamente previstas ou tampouco são produtos isolados, realizadas por gênios. Deste modo, o presente relato, apresenta as experiências de aulas práticas nos laboratórios do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), com turmas do ensino médio, para a disciplina Biologia. O objetivo consistiu em produzir aulas práticas para os temas células a partir da metodologia ativa de aprendizagem. O caminho metodológico compreendeu a elaboração de roteiros de aulas, para os temas microscopia, técnicas de visualização de células vegetais e animal e biossegurança. Ofertou-se aos estudantes situações nas quais eles não encontrariam os resultados “esperados” e, a partir delas, questionamentos para identificar temas geradores, e levar a problematização, investigação e construção de possíveis caminhos alternativos ou ainda de análise dos resultados alcançados, considerados “errados”, como também produtos da ciência. Os resultados apontam que os estudantes desenvolveram uma maior capacidade autônoma, por meio do trabalho colaborativo e não apenas de observação ou reprodução da ação docente, e incluíram pesquisas, discussões, reflexões e comparações no relato presentes nos relatórios.