A elaboração desta escrita está diretamente relacionada à um recorte da dissertação de mestrado em educação pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Apresenta como objetivo compreender as relações entre os brincares e os processos educativos, a partir da construção de saberes vivenciados nas tessituras de crianças quilombolas. As crianças deste estudo apresentaram a faixa etária de 06 a 12 anos e moradoras de uma comunidade remanescente quilombola do estado do Pará, de ambos os sexos. As trilhas teóricas foram construídas considerando Charlot (2000), Brougere (2008), Brandão (2010), Kramer (2009), Geertz (1989) e Vygotsky (2009). É interessante informar que as intenções teóricas trazidas nesse resumo perpassam pelas reflexões de processos formativos, os quais não seguem os protocolos da formalidade do âmbito da escola tradicionais. As tessituras envolvidas nesse estudo foram encontradas nas manifestações espontâneas de crianças durante os seus brincares desdobrando-se no contexto de ludicidades preenchidas pelas relações entre os rios, as matas, o ramal, os quintais, o retiro e a sede. Espaços estes com significados diferentes a cada convite lúdico, o qual também desperta processo criativo, onde a criança se torna artesão, fazendo a lapidação de objetos comuns, engajadas em serem os sujeitos de suas próprias criações. Nesse processo, camuflado ou evidenciado no/pelo brincar a educação acontece de forma viva e com significados, nos quais saberes são transbordados. Dentre os quais podemos considerar os saberes construídos a partir das interações sociais e culturais, em que a natureza assume o protagonismo, enquanto cumplicie do brincar. E as relações de convivências são reafirmadas, visto que os comportamentos da coletividade são retomados enquanto experiência inerente a este contexto do brincar.