Este trabalho se trata de recorte de nossa pesquisa de doutorado e objetiva apresentar o ciclo de sensibilização como um dos quatro ciclos pedagógicos para o ensino de Artes na educação básica, cujos procedimentos metodológicos se amparam em nossas práticas de voz e corpo desenvolvidas desde o ano de 2009 até a atualidade, em três instituições públicas distintas, envolvendo egressos do grupo “Voz/Corpo do Egresso (VoCE) na Escola”. Para isso, temos o aporte teórico na tríade: a) pedagogia teatral de voz e corpo (GAYOTTO, 2002; PUPO, 2004; KOUDELA, 2006; ZUMTHOR, 2007; BURNIER, 2009; JAPIASSU, 2001); b) pedagogia musical na cena (MALETTA, 2016; SCHAFER, 2019; CAZNOK, 2008) e c) pedagogia crítica (FREIRE, 2013; DEWEY, 2008, MAKARENKO, 2005). A pesquisa qualitativa (BORTONI-RICARDO, 2008), junto ao cruzamento da etnografia (ANDRÉ, 1995) com a pesquisa-ação (THIOLLENT, 2011), estruturam a natureza metodológica da pesquisa, que utiliza documentos, rodas de conversa, entrevistas e foto-filmagens para analisar a memória coletiva (HALBWACHS, 2013) dos egressos, descrevendo como podemos tornar o processo de preparação dos alunos, à inserção de poéticas cênicas, um fenômeno consciente e progressivo. A pesquisa sistematizou dez jogos teatrais que enfatizam o mergulho no corpo e voz individual e coletivo, a quebra de paradigmas vocais e corporais (gênero, sexismo), o medo do toque, os movimentos de resistência e de conformidade com o espaço, adequação vocal ao espaço, iniciamos o entendimento do espaço cênico, as propostas de atuação com o corpo parado, com o corpo em movimento e com a combinação entre voz e corpo. O ciclo de Sensibilização significa a reflexão sobre voz e corpo relacional no espaço escolar, e suscitou a necessidade de o docente conhecer os imbricamentos dos corpos e vozes de alunos, para sensibilizar paulatinamente a identidade discente e construir uma ação autônoma pautada numa prática teatral encadeada pelos sujeitos educacionais.