Resumo: Nos últimos anos, principalmente após a Comissão Nacional da Verdade, muitos autores produziram obras literárias que configuram tanto o período da ditadura militar, quanto os traumas provocados aos familiares, parentes e amigos das vítimas do autoritarismo brasileiro. Mesmo diante de um número significado de narrativas sobre o regime, nota-se que, no contexto escolar, principalmente nas aulas de Língua Portuguesa do Ensino Médio, essas obras não são abordadas. Diante dessa problemática, o presente artigo traz uma proposta de leitura desenvolvida para turmas de 2° ano do Ensino Médio com a novela Júlia: nos campos conflagrados do Senhor, de Bernardo Kucinski, a partir do Método Recepcional, proposto por Bordini e Aguiar (1988). A narrativa em estudo aborda fatos violentos ocorridos no período da ditadura militar, bem como exercício do poder sobre os subalternos e a masculinidade pautada em atitudes de força e autoconfiança. Os questionamentos que motivaram a nossa pesquisa foram: Como a novela de Kucinski pode contribuir com a formação de leitores? A obra Júlia: nos campos conflagrados do Senhor pode levar os alunos a refletir sobre as ressonâncias da violência ditatorial no cotidiano brasileiro? Para embasar a nossa pesquisa, utilizamos os estudos de Bordini e Aguiar (1988), Figueiredo (2019), Dalcastagnè (2020), dentre outros. Acreditamos que a obra de Kucinski pode levar o aluno a refletir sobre esse passado traumático de graves violações de direito. Além disso, o Método Recepcional é um caminho para trabalhar o texto literário numa perspectiva de formação leitora.