No século XVIII, as atenções das autoridades coloniais da capitania de São José do Piauí estiveram centradas na educação escolar de uma clientela específica: a criança habitadora das povoações indígenas. E nesse sentido, vão empreender esforços com propósito de criarem escolas como estratégia para lhes inscrever outras utensilagens mentais consideradas mais adequadas aos modos portugueses de uma vida civilizada. Neste trabalho, objetivamos refletir acerca das formas de educação escolar planejada pelos agentes colonizadores para a criança indígena no Piauí. O trabalho, situa-se nos anos de 1700 a 1798 e as fontes de informação consistiram em documentos manuscritos pertinentes ao conjunto de normas e legislação do governo colonial português que versam sobre o processo de repovoamento do território que seria denominado capitania de São José do Piauí. As análises foram elaboradas a partir da noção de forma escolar delineada por Vicent, Lahire e Thim (2001), assim como dos pressupostos teóricos trabalhados por Roger Chartier (1990) para compreender a mecânica utilizada pelo Estado moderno com fins de pacificar as populações. Os indícios documentais, apesar de raros, conduzem à apreensão da atmosfera de persistência por uma escola e uma escolarização institucionalizada para a criança indígena a serem educadas no ler, no escrever, no contar, nas coisas da religião, mas, também, direcionada à formação de hábitos para o trabalho produtivo e para a dedicação cívica.