Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

TECENDO O CONHECIMENTO ALÉM DOS MUROS DA ESCOLA – UMA PERSPECTIVA INCLUSIVA DO FAZER DOCENTE

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Resumo Este trabalho resulta de um projeto de extensão intercamp realizado em 2014, com alunos do curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas (campus Itapina), do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (campus Santa Teresa) e seus respectivos docentes, tendo como objetivo proporcionar reflexões envolvendo temáticas de interesse coletivo e atual, através da troca entre diferentes saberes, visando constituir uma proposta metodológica de práticas pertinentes a um processo de ensino e aprendizagem dinâmico, coletivo, dialógico e reflexivo, em múltiplos espaços. Para tanto os foi necessário refletir acerca de nosso sistema educacional, sua organização e práticas docentes, rompendo com os paradigmas educacionais baseados na hierarquização dos saberes, levando essa proposta para espaços não formais, visando alcançar àqueles que não integram o modelo formal de educação, a fim de promover a autonomia dos sujeitos, na busca de sua completude intelectual e pessoal. O contexto que deu origem a esse trabalho tem como pilar a discrepância entre a dinâmica da sociedade do século XXI e suas instituições; denominada por muitos como "A sociedade do conhecimento", enquanto o modelo educacional atual mantem-se atrelado a práticas remanescentes da educação jesuítica. Conscientes da dinamicidade e interatividade presentes no cotidiano social, um desafio que se apresenta a nós, professores atuantes e em formação, é incorporar tais pressupostos ao nosso fazer docente, tornando o processo de ensino aprendizagem significativo, dialógico, desejado e ao alcance de todos, estejam eles nas escolas ou nas ruas, percebendo-se seres inacabados, e, consequentemente, em constante demanda de conhecimento. Assim consideramos relevante desenvolver ações que possibilitassem experimentarmos as múltiplas possibilidades de aprender e ensinar com base nas trocas de saberes que se reconhecem diferentes, mas jamais hierarquizados, oriundos de diferentes universos culturais, ampliando e ressignificando as práticas docentes e o protagonismo discente. Neste caso específico, o diálogo proposto foi entre licenciandos e a sociedade civil como um todo, considerando que as trocas ocorriam em espaços públicos e de forma aberta aos passantes, sem um interlocutor pré-definido. Como fundamentação teórica, nossos balizadores serão Paulo Freire, Dominique Julia, Tardif e Brandão. Em Freire pautamo-nos nos pressupostos da pedagogia da autonomia e da educação emancipatória/libertária, segundo a qual o aluno só se constitui enquanto sujeito histórico e social se sua formação lhe permitir desenvolver habilidades e competências necessárias a uma ação educativa politizada e comprometida. Tais pressupostos apontam para o diálogo entre os diferentes saberes, sem hierarquização ou predominância entre eles. Pelo diálogo entre saberes impelindo-nos para outros espaços/tempos que não somente o escolar, promoveu-se algumas rupturas no que Julia denomina cultura escolar, a qual compreende um conjunto de regras e normas a serem seguidas e repassadas, instrumentos e dispositivos de controle que assegurem a manutenção da ordem desejada por meio do cumprimento das regras e normas impostas, e práticas docentes que garantam a aplicação e introspecção de tudo isso por parte da comunidade escolar. Ao nos permitirmos experienciar uma prática docente que rompe com os paradigmas da cultura escolar, buscamos articular os diferentes saberes dos discentes e docentes, a fim de gerar fazeres e saberes educacionais que estejam em sintonia com as demandas da sociedade do século XXI. Para tanto dialogamos com Tardif e Brandão (1981), quando este afirma que ninguém escapa da Educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo, ou de muitos, todos nós nos envolvemos com o ato educativo em algum momento da vida, seja para aprender, para ensinar, ou para aprender e ensinar. Todos os dias estamos misturando vida e educação, pois não há uma forma única, nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece, o ensino escolar não é sua única prática, e o professor profissional não é seu único praticante. É com base neste pressuposto que Brandão cria seu conceito de cultura de forma que, ao fazê-lo, envolve o indivíduo na sua totalidade, de forma holística e reflexiva. A metodologia utilizada envolveu três momentos que, embora pareçam distintos por questões de organização didático-pedagógica, dialogam de forma constante e reflexiva. O primeiro momento, de cunho preparatório, envolveu a organização dos alunos em grupos e a distribuição de tarefas variadas entre os mesmos (pesquisa, produção de gráficos, painéis, murais, teatros, paródias ou músicas de sua própria autoria, poesias, varal literário, júri simulado etc). Além desta preparação prévia, o momento que antecede o evento mostrou-se propício para debates, reflexões. O segundo momento foi a realização do evento em si, buscando proporcionar aos presentes uma atmosfera de reflexão e debates por meio do diálogo entre os diferentes saberes em circulação. Para tanto foram necessárias dinâmicas envolventes e apresentações artísticas e culturais referentes às temáticas abordadas, no sentido de sensibilizar os participantes, criando um ambiente provocador para um debate/diálogo entre o saber acadêmico e o saber de senso comum ou saber de experiência. Os conteúdos abordados foram definidos considerando estudos realizados com os alunos dos cursos citados e a relevância dos temas no cotidiano da sociedade civil. São eles "Juventude Educação e Trabalho", "Relação Família e Escola no Processo Educacional", "Uma Proposição Reflexiva Sobre a Política de Cotas" e "Os Brasis Que Constituem O Brasil - Uma Abordagem Étnica e Cultural". Os eventos ocorreram respectivamente na feirinha da Praça São Pedro de Baixo Guandu; no CRAS do bairro Colúmbia; na Quadra Poliesportiva de São João de Petrópolis e na Praça Sol Poente. No terceiro momento, cada professor envolvido deu andamento às atividades previamente estabelecidas com os alunos, culminando na escrita de artigos científicos que remetiam a uma das temáticas específicas, apresentar um diálogo mais amplo sobre a educação ou mesmo um relato de experiência da prática metodológica aplicada neste projeto. Os dados coletados mostraram não somente que as ações promovidas em variados espaços públicos aumentou o interesse e comprometimento de alunos e professores na construção de estratégias e metodologias diversificadas, como ampliou os horizontes para pensarmos a educação como um conjunto de ações que podem ocorrer em diferentes espaços, com sujeitos e saberes diferentes. A riqueza dos dados coletados por meio das rodas de conversa realizadas nos eventos, antes e depois deles, possibilitou o amadurecimento pessoal e acadêmico dos licenciandos, o que pode ser constado pelos artigos e compêndios produzidos pelos mesmos. A guisa de conclusão, podemos dizer que não estamos fadados a um modelo educacional letárgico, passivo e desinteressante uma vez que, com práticas pedagógicas alternativas, possibilitando o protagonismo dos múltiplos sujeitos e o diálogo entre saberes diversos, podemos obter uma educação mais significativa, envolvente e emancipatória. Palavras-chave: Práticas docentes, diálogo entre saberes, ressignificação. Referências BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação como Cultura. Campinas: Mercado das Letras, 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. FREIRE, Paulo & SHOR, Ira. Medo e Ousadia. O cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008 JULIA, Dominique. A cultura escolar como objeto histórico. Revista Brasileira de História da Educação. Campinas, n.1, p.9 - 44, 2001. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e formação Profissional. Petrópolis: Vozes, 2002."
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Os conteúdos abordados foram definidos considerando estudos realizados com os alunos dos cursos citados e a relevância dos temas no cotidiano da sociedade civil. São eles "Juventude Educação e Trabalho", "Relação Família e Escola no Processo Educacional", "Uma Proposição Reflexiva Sobre a Política de Cotas" e "Os Brasis Que Constituem O Brasil - Uma Abordagem Étnica e Cultural". Os eventos ocorreram respectivamente na feirinha da Praça São Pedro de Baixo Guandu; no CRAS do bairro Colúmbia; na Quadra Poliesportiva de São João de Petrópolis e na Praça Sol Poente. No terceiro momento, cada professor envolvido deu andamento às atividades previamente estabelecidas com os alunos, culminando na escrita de artigos científicos que remetiam a uma das temáticas específicas, apresentar um diálogo mais amplo sobre a educação ou mesmo um relato de experiência da prática metodológica aplicada neste projeto. Os dados coletados mostraram não somente que as ações promovidas em variados espaços públicos aumentou o interesse e comprometimento de alunos e professores na construção de estratégias e metodologias diversificadas, como ampliou os horizontes para pensarmos a educação como um conjunto de ações que podem ocorrer em diferentes espaços, com sujeitos e saberes diferentes. A riqueza dos dados coletados por meio das rodas de conversa realizadas nos eventos, antes e depois deles, possibilitou o amadurecimento pessoal e acadêmico dos licenciandos, o que pode ser constado pelos artigos e compêndios produzidos pelos mesmos. A guisa de conclusão, podemos dizer que não estamos fadados a um modelo educacional letárgico, passivo e desinteressante uma vez que, com práticas pedagógicas alternativas, possibilitando o protagonismo dos múltiplos sujeitos e o diálogo entre saberes diversos, podemos obter uma educação mais significativa, envolvente e emancipatória. 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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

TECENDO O CONHECIMENTO ALÉM DOS MUROS DA ESCOLA - uma perspectiva inclusiva do fazer docente, através do diálogo entre saberes [1] Jaquelini Scalzer/ Jaquelini.scalzer@ifes.edu.br/ Instituto Federal do Espírito Santo [2] Glicimar Breger de Sousa / Instituto Federal do Espírito Santo [3] Suhenia Carvalho Rosário/ Instituto Federal do Espírito Santo Eixo l: Processos de Ensino e aprendizagem - com ênfase na inovação tecnológica, metodológica e práticas docentes. Resumo Este trabalho resulta de um projeto de extensão intercamp realizado em 2014, com alunos do curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas (campus Itapina), do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (campus Santa Teresa) e seus respectivos docentes, tendo como objetivo proporcionar reflexões envolvendo temáticas de interesse coletivo e atual, através da troca entre diferentes saberes, visando constituir uma proposta metodológica de práticas pertinentes a um processo de ensino e aprendizagem dinâmico, coletivo, dialógico e reflexivo, em múltiplos espaços. Para tanto os foi necessário refletir acerca de nosso sistema educacional, sua organização e práticas docentes, rompendo com os paradigmas educacionais baseados na hierarquização dos saberes, levando essa proposta para espaços não formais, visando alcançar àqueles que não integram o modelo formal de educação, a fim de promover a autonomia dos sujeitos, na busca de sua completude intelectual e pessoal. O contexto que deu origem a esse trabalho tem como pilar a discrepância entre a dinâmica da sociedade do século XXI e suas instituições; denominada por muitos como "A sociedade do conhecimento", enquanto o modelo educacional atual mantem-se atrelado a práticas remanescentes da educação jesuítica. Conscientes da dinamicidade e interatividade presentes no cotidiano social, um desafio que se apresenta a nós, professores atuantes e em formação, é incorporar tais pressupostos ao nosso fazer docente, tornando o processo de ensino aprendizagem significativo, dialógico, desejado e ao alcance de todos, estejam eles nas escolas ou nas ruas, percebendo-se seres inacabados, e, consequentemente, em constante demanda de conhecimento. Assim consideramos relevante desenvolver ações que possibilitassem experimentarmos as múltiplas possibilidades de aprender e ensinar com base nas trocas de saberes que se reconhecem diferentes, mas jamais hierarquizados, oriundos de diferentes universos culturais, ampliando e ressignificando as práticas docentes e o protagonismo discente. Neste caso específico, o diálogo proposto foi entre licenciandos e a sociedade civil como um todo, considerando que as trocas ocorriam em espaços públicos e de forma aberta aos passantes, sem um interlocutor pré-definido. Como fundamentação teórica, nossos balizadores serão Paulo Freire, Dominique Julia, Tardif e Brandão. Em Freire pautamo-nos nos pressupostos da pedagogia da autonomia e da educação emancipatória/libertária, segundo a qual o aluno só se constitui enquanto sujeito histórico e social se sua formação lhe permitir desenvolver habilidades e competências necessárias a uma ação educativa politizada e comprometida. Tais pressupostos apontam para o diálogo entre os diferentes saberes, sem hierarquização ou predominância entre eles. Pelo diálogo entre saberes impelindo-nos para outros espaços/tempos que não somente o escolar, promoveu-se algumas rupturas no que Julia denomina cultura escolar, a qual compreende um conjunto de regras e normas a serem seguidas e repassadas, instrumentos e dispositivos de controle que assegurem a manutenção da ordem desejada por meio do cumprimento das regras e normas impostas, e práticas docentes que garantam a aplicação e introspecção de tudo isso por parte da comunidade escolar. Ao nos permitirmos experienciar uma prática docente que rompe com os paradigmas da cultura escolar, buscamos articular os diferentes saberes dos discentes e docentes, a fim de gerar fazeres e saberes educacionais que estejam em sintonia com as demandas da sociedade do século XXI. Para tanto dialogamos com Tardif e Brandão (1981), quando este afirma que ninguém escapa da Educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo, ou de muitos, todos nós nos envolvemos com o ato educativo em algum momento da vida, seja para aprender, para ensinar, ou para aprender e ensinar. Todos os dias estamos misturando vida e educação, pois não há uma forma única, nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece, o ensino escolar não é sua única prática, e o professor profissional não é seu único praticante. É com base neste pressuposto que Brandão cria seu conceito de cultura de forma que, ao fazê-lo, envolve o indivíduo na sua totalidade, de forma holística e reflexiva. A metodologia utilizada envolveu três momentos que, embora pareçam distintos por questões de organização didático-pedagógica, dialogam de forma constante e reflexiva. 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