LIMA, ÉMylle Alves De Souza. Recreio interativo: espaço/tempo lúdico de aprendizagens. Anais VII ENALIC... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/52570>. Acesso em: 23/11/2024 08:18
RECREIO INTERATIVO: ESPAÇO/TEMPO LÚDICO DE APRENDIZAGENS Émylle Alves de Souza Lima [1] /emyle.alves09@gmail.com /UEFS Fernando Nunes dos Santos [2] /UEFS Liamara Freitas da Fé Martfeld [3] /UEFS Eixo Temático: Processos de Ensino e aprendizagem Resumo Este trabalho pretende socializar a experiência vivenciada a partir do Recreio Interativo (RI), que é realizado em uma escola municipal de Feira de Santana por bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do Subprojeto de Educação Física da Universidade Estadual de Feira de Santana (PIBID/UEFS/EF), e por funcionários da secretaria da escola, todos sob orientação da supervisora do subprojeto do PIBID/UEFS/EF. O público alvo são estudantes do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental com faixa etária entre seis (06) e quatorze (14) anos, nos turnos matutino e vespertino, totalizando 508 estudantes. Segundo Neuenfeld (2013) além das aulas de educação física, o recreio torna-se o único tempo/espaço em que as crianças têm para se movimentar, após horas sentadas em sala de aula, assim, é normal que elas "explodam" em movimentos, visto que estes fazem parte da antropologia humana. Para Michel, Amaral e Silva (2012) a desordem, a correria, as risadas, o choro, as fofocas, a tensão entre o brincar e terminar o lanche, ir ao banheiro e beber água, são elementos muito comuns no recreio escolar. O recreio ainda é visto como um momento de descanso para os professores e momento de extravasar energia dos alunos, sendo, na maioria das vezes, identificado como tempo/espaço improdutivo (Neuenfeld, 2013). Para Fantoni e Sanfelice (2018) a escola é um dos lugares mais adequados para analisar as transformações culturais dos jogos e das brincadeiras, tanto enquanto meio para a aprendizagem, quanto para a ludicidade das crianças, no momento do recreio. Neste sentido, o RI é uma projeto que visa trabalhar, no tempo/espaço do recreio, jogos, brincadeiras e esportes, proporcionando uma aprendizagem significativa para os alunos, transformando-se em uma atividade pedagógica, prazerosa, lúdica, criativa, participativa, diversificada, dinâmica e social. Nele, os alunos têm a oportunidade de escolher qual atividade deseja participar, interagindo com crianças de outras séries, proporcionado o contato com diversas vivências da cultura corporal, saindo do espaço da sala de aula e consolidando que as aprendizagens podem existir em outros espaços promotores da educação. Corroborando com este pensamento, Souza (2009) diz que o recreio também deve ser visto como uma atividade curricular, sem, contudo, ser um tempo/espaço de atividades obrigatórias, mas sim oportunizar as crianças diversos jogos e brincadeiras, onde elas possam brincar livremente. Neste sentido, através deste projeto pretendemos transformar o recreio em um espaço lúdico e de aprendizagem, mais do que o simples ato de brincar, este passará a ser um espaço de construção das relações sócio afetivas. Quando o recreio é organizado desta forma, desperta nos alunos o interesse pela cultura corporal, trabalhando com valores, respeito às diferenças, o cuidado com os materiais e os espaços, promovendo a autonomia, criticidade, um trabalho coletivo e cooperativo, auxiliando-os na tomada de decisão e na superação de obstáculos. O RI é organizado em dois espaços distintos (a quadra poliesportiva e a área de convivência) com um (01) bolsista em cada espaço. No primeiro são realizados os esportes (vôlei, futsal, frisbee e handebol) e no segundo jogos de tabuleiro, amarelinha, street tennis, just dance, jogo da velha, pega-pega, baleado, elástico, andador de lata, jogos com cabo de vassoura, entre outros trazidos/sugeridos pelos alunos. Através dos jogos eles experimentam a liberdade de ação e o caráter não sério dos jogos possibilita que eles se arrisquem, pois não estão preocupados com o seu desempenho, disponibilizando-se à desafios mais complexos, sem medo de fracassar. Para utilização destes espaços, foi criado uma tabela, agrupando por séries. Assim, temos do 1º aos 3º anos, do 4º aos 5º anos e do 6º aos 9º anos, cada grupo participa do RI em horários preestabelecidos e todos os grupos participam das atividades desenvolvidas na quadra poliesportiva, pelo menos, duas (02) vezes por semana, enquanto as atividades da área de convivência são realizadas todos os dias. A avaliação é feita de forma trimestral, onde são medidos os recursos (materiais e humanos), as metodologias e as práticas corporais desenvolvidas. Assim, pode-se verificar os pontos positivos e as possibilidades de melhoramentos, principalmente através da escuta ativa dos alunos e professores. Neste sentido, percebemos que o espaço/tempo do recreio não apresenta aquela euforia, correria desenfreada, violência física e/ou verbal entre os alunos, desenvolvendo, por conseguinte, relações socio afetivas, em que pese estarmos no terceiro mês de observação/intervenção. Portanto, a execução deste projeto corrobora com o objetivo do PIBID proporcionando a qualificação da formação docente, estreitando as relações entre o ensino superior (universidade) e o ensino básico (escola), assim como também a relação entre o bolsista (futuro professor) e a escola. Palavras-chave: Recreio Interativo; Ensino e aprendizagem; Educação Física. Referências FANTONI, Aline de Carvalho; SANFELICE, Gustavo Roese. Tempo e espaço para brincar: considerações acerca do recreio escolar. Revista Tempos e Espaços em Educação, São Cristóvão, Sergipe, Brasil, v. 11, n. 24, p. 159-186, jan./mar. 2018. 169 MICHEL, Caroline Braga; AMARAL, Alessandra; SILVA, Méri Rosane. RECREIO ESCOLAR E INTERAÇÕES INFANTIS: POTÊNCIA DE PRODUÇÃO? II Simpósio Luso-Brasileiro em Estudos da Criança pesquisas com crianças: desafios éticos e metodológicos, Porto Alegre. Anais Eletrônicos, v. 1, p. 1-12, 2014. NEUENFELD, D. J. Recreio Escolar: O que acontece longe dos olhos dos professores? Revista da Educação Física/UEM. Maringá, v. 14, n. 1, p. 37-45, 1. sem. 2003. Disponível em: http://eduemojs.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/3479. Acesso em 14 de ago. de 2018. SOUZA, A. P. V. As culturas infantis no espaço e tempo do recreio: constituindo singularidade sobre a criança. 2009. Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará, 2009.