O USO DA ABORDAGEM CTSA NO CONTEXTO FORMATIVO DE ALUNOS COM SÍNDROME DOWN João Paulo Xavier de Freitas [1] / joaopauloxf@icloud.com / Universidade Federal de Itajubá Profa. Dra. Paloma Alinne Alves Rodrigues [2] / Universidade Federal de Itajubá Eixo Temático: Processos de Ensino e Aprendizagem Resumo De maneira geral, a ciência é apresentada de forma desconexa, descontextualizada e sem demonstrar nenhuma relação com o cotidiano dos estudantes. Segundo Freire (1987), a educação deve ir além do treinamento dos educandos para competências e habilidades, mas contribuir para a formação de indivíduos críticos e ativos na sociedade em que estão inseridos. Assim, faz-se necessário a introdução de metodologias ou atividades que contribuam para promover uma educação científica problematizadora. A abordagem Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA), vem de encontro a este posicionamento e tem como objetivo a integração entre a educação científica, tecnológica, social e ambiental, em que os conteúdos científicos e tecnológicos são estudados juntamente com a discussão de seus aspectos éticos, históricos, políticos e socioeconômicos (SANTOS, 2007). A interdisciplinaridade característica da abordagem permite com que o aluno compreenda a problemática a partir das suas mais variadas visões, de forma a contribuir para o embasamento teórico no momento de fazer reflexões pessoais ou tomadas de decisão. Como consequência, a aplicação deste método torna o processo de aprendizagem mais atrativo e dinâmico aos educandos. No caso de estudantes com Síndrome de Down, é de extrema importância o uso de ferramentas que contribuam para uma aprendizagem significativa. Para que atinjam um melhor desenvolvimento de suas habilidades, é necessário que o docente proporcione um ambiente em que seja possível vivenciar, interagir e experimentar (SILVA, 2002). Desta forma, a abordagem CTSA pode colaborar para o desenvolvimento global do indivíduo com a síndrome, visto que desenvolve sua autonomia mediante as informações assimiladas. A contextualização da ciência proporcionada pela abordagem, é de extrema importância para a aprendizagem, além de colaborar para o desenvolvimento de uma postura mais crítica perante a sociedade. Por outro lado, observa-se uma dificuldade para encontrar textos relacionados ao ensino de ciências para alunos com síndrome de Down. Desta forma, esta discussão contribui para o preenchimento desta lacuna, ao sugerir o uso da abordagem CTSA com estes estudantes. O presente trabalho foi desenvolvido a partir do projeto de extensão "Práticas Inclusivas no Ensino de Ciências", criado pelo grupo de pesquisa "Núcleo de Estudos em Formação Docente, Tecnologias e Inclusão - NEFTI", na Universidade Federal de Itajubá. O projeto tem por objetivo a elaboração de sequências didáticas para alunos com deficiências, síndromes e/ou transtornos, e que são incluídos em escolas da educação básica da cidade. Alunos dos cursos de licenciatura em matemática, física, química e ciências biológicas, lecionam para esses estudantes de forma a promover uma aprendizagem significativa valorizando as suas habilidades. Desta forma, o trabalho se caracteriza como um estudo de caso, tendo como ponto de partida o desenvolvimento e implementação de uma sequência didática, para um aluno com Síndrome de Down inserido no contexto do projeto. A sequência foi elaborada de forma a considerar os pressupostos levantados, contemplando a temática "Lixo Urbano - as diferentes perspectivas sobre a produção, o descarte e os problemas derivados". O processo se iniciou por meio da descoberta dos conhecimentos prévios do aluno, sendo possível elencar os assuntos a serem destacados e outros a serem desmitificados. Ao longo das aulas, houve a construção de todo o conhecimento por parte do educando, por meio de pesquisas, entrevistas, produção de textos, reflexões sobre a problemática e a produção de um blog como produto final. Assim, obteve-se um cenário em que o estudante pode ser ativo ao longo de todo o processo de aprendizagem. Também foi contemplada a interdisciplinaridade do tema, abordando assuntos de matemática, biologia, língua portuguesa, história e geografia sob a perspectiva de ciência, tecnologia, sociedade e ambiente. Ao longo das aplicações, foi desenvolvida uma entrevista, em que se verificou a relevância da abordagem utilizada. A partir dela, foi possível constatar que uma aprendizagem contextualizada e de forma a promover aproximação e a autonomia do aluno foi crucial para a assimilação dos múltiplos conteúdos abordados. Notou-se, que é importante para alunos com a síndrome, retratar questões que são pertinentes ao mundo ao seu redor, bem como apropriar-se delas para estudar todo o conteúdo envolvido. Além disso, é valido ressaltar a contribuição para a formação do pensamento crítico destes alunos perante as inúmeras problemáticas do meio social em que estão inseridos. Palavras-chave: Educação Inclusiva, Síndrome de Down, Ensino de Ciências, Abordagem CTSA. Referências FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. SANTOS, W. L. P. Contextualização no ensino de ciências por meio de temas CTS em uma perspectiva crítica. Ciência & Ensino, Campinas, v. 1, p. 1-12, 2007. SILVA, R. N. A. A educação da criança com Síndrome de Down. In.: Bello, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: . Acesso em: 16/09/2018.