Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

O ENSINO DE MATEMÁTICA NA ESCOLA DO CAMPO: CONTRIBUIÇÕES DE UMA PRÁTICA DOCENTE À LUZ DA ETNOMATEMÁTICA

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Esta pesquisa faz parte do trabalho de conclusão do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Dois Vizinhos e foi realizada em uma turma, com 12 alunos, do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual do Campo São Francisco do Bandeira localizado no interior do município de Dois Vizinhos - PR. No que diz respeito ao ensino dos alunos de escolas do campo, ao realizar as observações do estágio curricular, se percebe, um ensino da Matemática mecânico e desarticulado com a origem, a cultura e o ambiente onde os alunos vivem e que interagem cotidianamente. O fascínio despertado pela possibilidade de utilização da Etnomatemática no sistema educacional foi um dos motivos que justificam os objetivos de realização do trabalho vinculado à necessidade de compreender como se dá o ensino da Matemática com a possibilidade de adequar o currículo, entrelaçando o histórico da comunidade com o ensino de Matemática. Desde que foi criado à primeira lei geral de educação no Brasil, a educação sempre esteve presente em todas as Constituições brasileiras. Entretanto, mesmo o país sendo essencialmente agrário, desde a sua origem, a educação rural não foi mencionada nos textos constitucionais de 1824 e 1891. Como afirma Leite (1999, p. 28), "a sociedade brasileira somente despertou para a educação rural por ocasião do forte movimento migratório interno dos anos 1910 - 1920, quando um grande número de rurícolas deixou o campo em busca das áreas onde se iniciava um processo de industrialização mais amplo". Diante disso, "abre-se assim um caminho e novas conquistas são efetivadas, por meio das intensas manifestações da sociedade rural. Personificada na figura dos movimentos sociais do campo, como por exemplo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que há muito tempo luta por uma educação que contemple de fato a população campesina (FILHO et al., 2014, p. 04)". Resultante da organização dos movimentos sociais, a Educação do Campo nasce confrontando à educação rural. Assim, reiteramos o nosso pensamento (Souza, 2006) de que a concepção de educação rural expressa à ideologia governamental do início do século XX e a preocupação com o ensino técnico no meio rural, considerado como lugar de atraso. Já a Educação do Campo expressa à ideologia e força dos movimentos sociais do campo, com anseio de promover uma educação pública que valorize a identidade e a cultura dos povos do campo, numa perspectiva de formação humana e de desenvolvimento local sustentável (SOUZA, 2006). Arroyo, Caldart e Molina (2009, p. 149) apontam que "um dos traços fundamentais que vêm desenhando a identidade deste movimento por uma educação do campo é a luta do povo por políticas públicas que garantam o seu direito à educação, e uma educação que seja no e do campo". Diante do exposto, é possível denotar que historicamente a Educação do Campo foi construída com o ideal de aproximação da prática campesina e da escola. D'Ambrosio (2009, p.60) salienta que "indivíduos e povos têm, ao longo de suas existências e ao longo da história, criado e desenvolvido instrumentos de reflexão, instrumentos materiais e intelectuais para explicar, entender, conhecer, aprender para saber e fazer como resposta a necessidades de sobrevivência e de transcendência em diferentes ambientes naturais, sociais e culturais". A luta por políticas públicas e qualidade na educação é pauta de luta atualmente em diversos espaços. Contudo, é possível propor um ensino de Matemática que leve em consideração a realidade sociocultural do aluno, o ambiente em que ele vive e o conhecimento que ele traz de casa, pois, a criança adquire habilidades matemáticas em casa a partir daquilo que ela vive. No que tange a pesquisa realizada, para a elaboração da sequência de ensino utilizou-se questionários que foram respondido por educandos do 3º ano do Ensino Médio. A partir da apreciação das respostas dadas pelos educandos, se teve o ponto de partida para desenvolver um material direcionado aos conhecimentos prévios acerca do conteúdo. O material foi dividido em quatro horas/aulas, onde foram trabalhados os conteúdos de medidas agrárias, razão e proporção. Nas primeiras aulas, foram trabalhados os conceitos básicos de grandezas e medidas, onde foram instigados há pensarem um pouco sobre o tema, refletindo o que é uma grandeza? O que significa medir? E posteriormente contextualizado a forma própria dos sujeitos do campo de se relacionar com a terra, com o trabalho e com a comunidade. Desta forma, buscou-se descobrir quais unidades de medidas são utilizadas pelas famílias e pelos próprios educandos e também no Brasil, a fim de registrá-las para consulta e conhecimento, uma vez que não é possível encontrá-las de modo abrangente nos livros didáticos. Após o registro das medidas, buscou-se elencar a mesma com resolução de problemas, conciliando as medidas com o conteúdo de razão e proporção utilizando de atividades que por eles são desenvolvidas no seu dia a dia. No geral, as atividades foram muito bem aceitas pelos educandos que se mostraram atentos, participativos e cumpriram todas as orientações propostas. A educação escolar dos jovens do meio rural muitas vezes fica fragmentada, quando lhe são implantados os valores e costumes urbanos, porque a realidade deles é outra. Eles podem se sair muito bem na escola, mas, na vida eles vão se comportar de outra maneira, muito do que eles aprendem na escola não tem um valor utilitário para a vida deles, está fora do seu contexto. Conclui-se que esta prática docente favoreceu a aprendizagem destes conteúdos de Matemática, e poderá ser um material de apoio adaptável ao ser utilizado por professores da educação básica. Palavras-chave: Educação do Campo, Sequência de Ensino, Medidas Agrárias, Razão e Proporção. Referências ARROYO, M. G.; CALDART, R. Salete; MOLINA, M. C. Por uma educação do campo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. D´AMBROSIO, U. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. FILHO, J. A. da S.; SILVA, A. J. L.; OLIVEIRA, M. J. dos S.; SILVA, C. N. M. Breve relato sobre educação no campo: reflexos no município de encanto. 2014. Disponível em: . Acesso em: 19 de maio 2018. LEITE, S. C. Escola rural: urbanização e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1999 - (coleção questões da nossa época: v. 70). SOUZA, M.A. Educação do campo: propostas e práticas pedagógicas do MST. Petrópolis: Vozes, 2006. "
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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

O ENSINO DE MATEMÁTICA NA ESCOLA DO CAMPO: CONTRIBUIÇÕES DE UMA PRÁTICA DOCENTE À LUZ DA ETNOMATEMÁTICA Rafael de Campos Eleuterio / raffaeleuterio@gmail.com / Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Dois Vizinhos Luciana Boemer Cesar Pereira / Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Dois Vizinhos Ludyane de Fatima Dufeck / Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Dois Vizinhos Roberto Gonçalves Ferreira / Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Dois Vizinhos Eixo Temático: Processos de Ensino e aprendizagem - com ênfase na inovação tecnológica, metodológica e práticas docentes. Agência Financiadora: UTFPR/CAPES Resumo O presente estudo teve como objetivo elaborar uma sequência de ensino à luz da Etnomatemática, aplicar e analisar as contribuições que esta prática docente traz para o ensino de Matemática na escola do Campo. Esta pesquisa faz parte do trabalho de conclusão do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Dois Vizinhos e foi realizada em uma turma, com 12 alunos, do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual do Campo São Francisco do Bandeira localizado no interior do município de Dois Vizinhos - PR. No que diz respeito ao ensino dos alunos de escolas do campo, ao realizar as observações do estágio curricular, se percebe, um ensino da Matemática mecânico e desarticulado com a origem, a cultura e o ambiente onde os alunos vivem e que interagem cotidianamente. O fascínio despertado pela possibilidade de utilização da Etnomatemática no sistema educacional foi um dos motivos que justificam os objetivos de realização do trabalho vinculado à necessidade de compreender como se dá o ensino da Matemática com a possibilidade de adequar o currículo, entrelaçando o histórico da comunidade com o ensino de Matemática. 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