O componente curricular "Estudos Amazônicos" é uma disciplina escolar ofertada pela rede pública de ensino do Estado do Pará, do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. É uma disciplina que se assenta sob os preceitos de uma formação que permita a compreensão das realidades amazônicas. No currículo da educação básica apresentam-se como obrigatórios os estudos regionais e paraenses na matriz curricular do ensino fundamental, o que, por si só, traduz a relevância deste componente para a formação dos sujeitos escolares paraenses. De acordo com Teixeira Júnior (2016) para atuar na docência da referida área de conhecimento, os profissionais devem ser licenciados em Geografia, Ciências Sociais ou História - ou ainda bacharéis que possam realizar tal atividade. Com relação ao conteúdo programático, a proposta curricular do ensino médio de 2003, que ainda está em vigor, não apresenta diretrizes específicas para as disciplinas que tratam das questões regionais. Os estudos regionais e paraenses estão dispostos na matriz curricular do ensino fundamental, o que justifica a pertinência da disciplina de Estudos Amazônicos. É fundamental entender a Amazônia como um espaço de múltiplos contrastes e contradições, haja vista a diversidade sociocultural e ambiental que a região proporciona devido ao seu território de dimensões continentais. Neste sentido, o objetivo do trabalho é identificar os desafios relacionados ao ensino e as principais dificuldades que se apresentam no transcorrer do trabalho pedagógico no que tange a disciplina de Estudos Amazônicos. A pesquisa possui caráter qualitativo, e foi realizada no município de Altamira - PA, e procurou identificar as principais dificuldades encontradas pelo docente ao ministrar a disciplina de Estudos Amazônicos. A pesquisa foi realizada utilizando um questionário semiestruturado, e técnicas como a percepção e observação em sala de aula. O interesse pelo componente curricular em questão se deu através da experiência propiciada na iniciação à docência por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID, e por perceber a importância da disciplina, que, sob as nossas lentes, aparentam nem sempre receber a devida atenção nos olhares dos pesquisadores. Os resultados da pesquisa mostram que a disciplina contém o potencial de contribuir para que o aluno se localize no espaço em que está inserido, e compreenda as especificidades e características regionais - de tal forma, o profissional licenciado em geografia acaba sendo o principal responsável pela disciplina, pois, a grade do curso facilita os assuntos trabalhados em sala de aula, e conduz o aluno aos conhecimentos espaciais sob uma ótica marcada pela relação histórica e contemporânea do processo de ocupação da Amazônia. Uma das principais dificuldades do docente é a falta de materiais didáticos atualizados, pois não existe uma matriz de habilidades no Estado que balize a disciplina, e nem livros didáticos disponibilizados pelo Ministério da Educação- MEC. Para além do já mencionado, outro obstáculo é uma falta de interesse de parte dos alunos (ressalta-se que tal fenômeno não é exclusivamente vivenciado nas aulas de estudos amazônicos), além do uso indevido de aparelhos tecnológicos em sala de aula por parte dos estudantes contribuindo para a diminuição do foco nas atividades. Apesar disso, mesmo com tal falta de interesse, os conteúdos conseguem ser trabalhados no decorrer do ano, com a mediação dos professores. Com base nos elementos apresentados, o trabalho buscou contribuir com uma maior visibilidade da disciplina de Estudos Amazônicos, e entender as limitações no processo de aprendizagem na mesma. Nota-se que os professores enfrentam alguns obstáculos para além dos já citados - como a falta de alguns espaços na estrutura escolar, a falta de materiais pedagógicos, a remuneração abaixo do piso salarial e atrasos de pagamentos, o que leva a uma desmotivação dos professores. Mais além, é pertinente destacar ainda outro desafio a ser superado: os alunos não conhecem muito da história da Amazônia, e nas escolas pouco se debate as questões amazônicas, além da falta de apoio pedagógico do corpo docente da escola, o que reduz o alcance do plano de curso. Levando em conta o que foi evidenciado, percebe-se que ainda falta uma maior preocupação ao planejar a disciplina, elaborar orientações, e produzir conteúdo que possa nortear o ensino desta. Por fim, é importante compreender que o processo de ensino/aprendizagem na disciplina Estudos Amazônicos nesta região, mais do que repassar conhecimentos regionais, é um ato de fortalecimento da cultura amazônica, de preservação e valorização de sua história e contribui para uma formação cidadã dos sujeitos amazônicos. Referências BARROS, G.R.N. A disciplina de estudos amazônicos e a formação de professores do ensino fundamental: uma experiência no município de Marabá - PA. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura). Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2016. 159 p. BRASIL. Resolução nº 001, de 05 Jan. 2010. Regulamenta a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº. 9.394. 20 de dezembro de 1996, que dispõe sobre a regulamentação e a consolidação das normas estaduais e nacionais aplicáveis à Educação Básica no Sistema Estadual de Ensino do Pará. Governo Do Estado Do Pará - Conselho Estadual De Educação. Pará, p. 9, 27 de set. 2018. TEIXEIRA JÚNIOR, T. Ditos e escritos sobre os Estudos Amazônicos, no ensino básico, do Estado do Pará. Bilros, 7:13-24, 2016.