A FORMAÇÃO DO PROFESSOR ALFABETIZADOR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA O TRABALHO DOCENTE Luciana Nogueira da Silva [1] luciana.professora.educ@gmail.com / UEG Eixo Temático 7: Alfabetização e letramentos - com ênfase em referenciais, metodologias e práticas aplicadas na alfabetização, numeramento e no letramento científico. Agência Financiadora: Universidade Estadual de Goiás Resumo O objetivo do referido trabalho de pesquisa é discutir as especificidades da formação do professor alfabetizador bem como os desafios e as possibilidades para o trabalho docente com o aluno em processo de alfabetização e letramento. Como aporte teórico utilizamos Brasil (2006), (2015), Ferreiro (2011), (2012), Teberosky; Colomer (2003), Soares (2010), Rojo (2012). A formação de professores para atuar na Educação Básica faz-se por meio de cursos de licenciatura. As licenciaturas de áreas específicas preparam-no para atuar em disciplinas nos Anos Finais e no Ensino Médio, mas para atuar nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental é necessário concluir o curso de Pedagogia. O pedagogo pode atuar em várias áreas em que o conhecimento pedagógico for necessário, no entanto, mesmo sem atuar na área educacional, recebe a referência de professor. Entre todas as habilidades de um professor que atua nos Anos Iniciais vale destacar o professor alfabetizador, que deve compreender as especificidades do aluno em processo de alfabetização. "[...] não como mera tradução do oral para o escrito, e deste para aquele, mas à aprendizagem de uma peculiar e muitas vezes idiossincrática relação fonemas-grafemas, de um outro código, que tem, em relação ao código oral, especificidade morfológica e sintática, autonomia de recursos de articulação do texto e estratégias próprias de expressão/compreensão. (SOARES, 2012, p. 17). São necessárias ações intencionais em que o professor se proponha a conhecer o aluno e suas especificidades de aprendizagens. Se uma prática pedagógica com o objetivo de alfabetizar não abrange todos os alunos é necessário não apenas rever a prática, mas também olhar para o aluno que está aprendendo de modo a compreender os processos pelos quais ele se desenvolve. O aluno, com suas dificuldades de aprendizagens pode direcionar as ações do professor se este olhar para o aluno. É necessário observar, tentar formas diferenciadas e jamais desistir do aluno. A pesquisa aqui apresentada tem uma abordagem qualitativa em que, segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 48), "os investigadores qualitativos frequentam os locais de estudo porque se preocupam com o contexto. Entendem que as ações podem ser melhor compreendidas quando são observadas no seu ambiente habitual de ocorrência". A autora deste trabalho é professora alfabetizadora no 1º ano do Ensino Fundamental e professora do curso de Pedagogia. Na formação de professores, é responsável pela disciplina Métodos e Processos de Alfabetização e Letramento que faz parte do currículo do curso de Pedagogia. No período da manhã alfabetiza e a noite diz aos estudantes e futuros professores como alfabetizar. Nesse encontro de papéis, a análise crítica diária das ações é inevitável. Com o objetivo de conhecer a concepção dos professores sobre ser professor no 4º e 5º ano e no processo de alfabetização, foram realizadas entrevistas com professores alfabetizadores e professores que atuam no 4º e 5º ano do Ensino Fundamental. Segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 68), as entrevistas realizadas no contexto das pesquisas qualitativas devem considerar o pensamento, as experiências particulares dos entrevistados e devem ser desenvolvidas como "conversas entre dois confidentes do que a uma sessão formal de perguntas e respostas entre um investigador e um sujeito. Esta é a única maneira de captar aquilo que é verdadeiramente importante do ponto de vista do sujeito" (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 68). Desta forma, foram realizadas entrevistas com professores que atuam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental de uma escola no município de Campos Belos no estado de Goiás. O referido trabalho conclui que todo professor que atua nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental precisa ser alfabetizador. Os professores que atuam no 4º e 5º ano ao serem questionados sobre o trabalho de alfabetizar, dizem que admiram muito, no entanto não têm habilidade. Dizem que "não tem jeito". No entanto, nas turmas há crianças que não foram alfabetizadas e que requer a atenção do professor no que diz respeito a alfabetização. Na escola analisada, apesar de bem avaliada pelas avaliações externas e ser reconhecida como uma escola que desenvolve um excelente trabalho alfabetizador, nas turmas há sempre um percentual de alunos que não estão alfabetizados. Há casos de alunos que foram recebidos de outras escolas dos munícipios, alunos com Necessidades Educacionais Especiais, inclusive com laudo e há situações não diagnosticadas. O fato é que essas crianças chegaram ao 4º e 5º anos sem serem alfabetizadas. Os desafios para o trabalho com essas crianças vão além das dificuldades comuns ao processo de alfabetização. Em um trabalho de reforço com um aluno matriculado no 4º ano, mas sem conhecer ao menos as vogais, o responsável por essa pesquisa encontrou as seguintes características: O aluno analfabeto, que prossegue passando de ano escolar sem alcançar as habilidades de leitura e escrita, é copista. Ou seja, copia do quadro para a professor não brigar, mas não lê nem entende o que está copiando. Ele acredita que copiar é o que lhe cabe fazer quando a professora passa atividades no quadro. Quando esse aluno é desafiado a ler e escrever diz que não sabe, que tem dificuldades e não se desafia a ler. Outra característica encontrada, é o fato de tentar "adivinhar" o que está se pedindo para ele ler. Se tiver qualquer referência da palavra escrita com o objeto ao qual ela se refere, o aluno vai tentando a sorte, na tentativa de oralizar uma palavra que se aproxima da escrita. Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Formação de professores. Trabalho docente. Referências BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: fundamentos, métodos e técnicas. In: Investigação qualitativa em educação. Portugal: Porto Editora, 1994. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006. Conselho Nacional de Educação Conselho Pleno. Brasília: MEC, SEB, 2006. ______. Conselho Nacional de Educação. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Resolução CNE/CP n. 02/2015, de 1º de julho de 2015. Brasília. Disponível em: . Acesso em 01 de outubro de 2018. ______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, v. 134, n. 248, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27834-27841. FERREIRO, Emilia. Com todas as letras. 17. ed.São Paulo: Cortez, 2011. __________ . Reflexões sobre alfabetização. 25 ed. São Paulo: Cortez, 2010. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 4 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. __________ . Alfabetização e letramento. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2012.