A BUSCA PELA AUTONOMIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO EDUCADOR MUSICAL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ Gabriel Nunes Lopes Ferreira/ lids.gabriel@gmail.com/ Universidade Federal do Piauí Ronaldo Vieira da Silva Júnior/ Universidade Federal do Piauí Julyane Maria dos Santos Andrade / Universidade Federal do Piauí Rennoly Grisnen Marques de Sousa/ Universidade Federal do Piauí Eixo Temático: Formação inicial e continuada de professores - com ênfase na análise de experiência, programas e políticas. Resumo A formação do professor de Música é rodeada de mitos e elementos tradicionais dentro do campo educacional. Além do ser músico e a formação musical necessária para compreensão dos elementos constituintes do fazer performático musical, é necessário o entendimento de como ensinar [Música] e todas as variáveis que recaem sobre o ser professor. A partir da experiência docente no ensino superior, percebi o tradicionalismo e a reprodução na formação do professor de Música e a necessidade de maior reflexão, discussão e pesquisa acerca do que Freire (2009) aponta como "saberes fundamentais à prática educativo-crítica ou progressista" (p. 24). Além disso, percebi a falta de autonomia por parte dos estudantes nas atividades durante o curso o que me fez refletir sobre meu papel como docente que deve ir além de passar conteúdos, mas ainda como aponta Freire (2009) "ensinar a pensar certo" (p. 27) que tem relação com uma concepção crítica da realidade em que estamos inseridos. Nesse contexto, quais os saberes fundamentais à prática docente educativa [musical/ artística] - crítica? Qual a importância desses saberes para a formação do professor de Música? Para responder esses questionamentos utilizar-se-á como referencial teórico os estudos de Paulo Freire (2009) sobre uma Pedagogia da Autonomia que pensa em uma educação que vai além de ensinar conteúdos e também o conceito de habitus conservatorial (PEREIRA, 2012, 2014) que utiliza-se do conceito de habitus de Bourdieu (2009) para apresentar os diversos tipos de reproduções e tradicionalismos na formação musical. Importante ressaltar que como aponta o próprio autor "o habitus conservatorial seria próprio do campo artístico musical e estaria transposto (convertido) ao campo educativo na interrelação estabelecida entre estes dois campos (p. 94)" (artístico musical e educacional). Daí a importância do diálogo com essa teoria na formação dos professores de Música. O texto utiliza-se de um relato de experiências a partir das vivências docentes nas disciplinas Estágio Supervisionado (II, III e IV) e Metodologia do Ensino de Música no ano de 2018 no curso de Música da UFPI para uma reflexão a partir da prática no contexto do Ensino Superior. A partir dessa experiência, podemos categorizar as discussões a partir de cinco pontos principais: 1) a falta (e as causas) de um senso crítico e pensamento autônomo diante da formação docente no campo da Música; 2) a necessidade de maior diálogo entre as disciplinas teóricas e a prática docente nos diversos contextos formativos de Teresina (Piauí); 3) a necessidade de uma reflexão sobre o currículo e o Projeto Político do Curso de Música da UFPI; 4) a importância de uma formação mais ampla que vá além dos conteúdos específicos da Música e das disciplinas pedagógicas; 5) a necessidade do ensino estar ligado com a pesquisa e a conscientização/ formação acerca da importância do professor pesquisador. A partir desses pontos, podemos pensar em uma formação docente mais crítica dentro do campo das Artes/ Música dialogando com os diversos saberes necessários á uma prática mais progressista. Além disso, trazemos o habitus conservatorial a tona discutindo e refletindo sobre ele na formação dos educadores musicais e tornando o ensino de Música mais musical e contextualizado com as realidades dos diferentes espaços de atuação do professor. Assim, podemos pensar sobre o ser professor de Artes/ Música de maneira mais ampla e consciente diante da realidade social e política do nosso país, ampliando as pesquisas e discussões sobre formação de professores, tão importante para o incentivo e atuação docente no Brasil. Acreditamos que os estudos não se encerram aqui e devem ser ampliados a partir da percepção dos licenciandos sobre essa formação crítica e também a partir de projetos complementares a formação docente (como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID, a Residência Pedagógica e também os Projeto de Monitoria) durante a Licenciatura. Palavras-chave: Educação Musical, Formação de professores, Prática educativo-crítica, Habitus Conservatorial. Referências BOURDIEU, P. O senso prático. Petrópolis: Editora Vozes, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 39. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009. PEREIRA, Marcos Vinícius Medeiros. Ensino Superior e as Licenciaturas em Música: um retrato do habitus conservatorial nos documentos curriculares. 2012. 279f. Tese (Doutorado em Educação). Campo Grande, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2012. ____. Licenciatura em música e habitus conservatorial: analisando o currículo. Revista da ABEM, Londrina, v. 22, n. 32, p. 90-103, jan./jun. 2014. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2018.