Refletir sobre as políticas públicas e as práticas da escola torna-se justificáveis pelas constantes mudanças sociais e econômicas desta época. Implica em afirmar que tal instituição torna-se alicerçada a partir de determinados contextos e disputada por grupos de interesses exteriores aos muros da escola. Pensando nisso, o presente artigo realiza uma abordagem referente ao neoliberalismo e a globalização como forma de compreender como estes fenômenos tocam a escola, bem como a partir deles justifica-se o ensino de tempo integral. A escola fica circunscrita dentro de contradições que são próprias a abertura de novos públicos e de informações que são inerentes à globalização. Percebe-se que as mudanças criam e ampliam demandas nas sociedades contemporâneas, sobretudo, em diálogo com o mundo do trabalho e a cultura urbana. Na escola, os aspectos socioculturais passam a eclodir através das relações interpessoais junto à formalidade institucional, à questão juvenil e aos fenômenos supracitados. Discursos das mais variadas linhas ideológicas vão surgindo na tentativa de responder tais inquietações. O estado do Ceará, por exemplo, em 2016, lançou o programa Juventude em Tempo Integral, com intuito de formar o estudante com condições que o prepare para o mercado de trabalho. A escola Padre Saraiva Leão, em Redenção, no interior do Ceará, Brasil, participa deste programa desde 2016. Este é o nosso campo e ponto de partida nesta pesquisa exploratória. A experiência discente no Estágio Supervisionado I em Sociologia, em 2016.2, nos possibilitou acompanhar e compreender de perto o contexto sociocultural e econômico desta escola, através da consulta a dados primários e secundários, incluindo, neste sentido, a observação direta, entrevista com atores escolares e análises de documentos. Acreditamos que compreender o modo como a comunidade escolar (alunos, professores, gestores) percebe a si mesma e organiza seu cotidiano torna-se de permanente relevância neste trabalho.