Desde os primórdios, o direito grego esteve vinculado com à religiosidade mítica. No que tange a
tradição das leis no período proto-arcaico, notamos sua constituição a partir da lei dos deuses (thêmis) que, por sua vez, se tornou referência etico-jurídica para os indivíduos comuns, e base de juízo para os reis, que segundo essa tradição, eram os responsáveis por anunciar a justiça divina, assumindo, assim, como
referência principal, a figura de Zeus, considerado o princípio mítico civilizador da Grécia Antiga.
Diante dos elementos explicitados, desvela-se o fato da sociedade arcaica ser marcada pela
influência mítica e religiosa, modelando-se - enquanto civilização - a partir nos feitos miticos dos deuses. A
partir desses elementos, nosso estudo busca ofertar resposta(s) à seguinte problemática: “Como o Direito grego foi se moldando na
Antiguidade com base nas influências da mitologia?”.
Objetivando, pois, compreender o processo de constituição do Direito grego a partir da
tradição mitológica, organizamos nossas investigações em duas etapas consecutivas: como partido
inicial, analisamos a concepção de justiça dos deuses (típica das eras proto-arcaica e arcaica), no
tocante à relação entre seu ordenamento no cosmo. Em sequência, examinamos como a sociedade
arcaica foi adquirindo as influências da justiça divina no seu âmbito, relacionando de que forma a
religião intervém nas relações sociais dos gregos.
À guisa de conclusão, confirmamos a partir de vários exemplos que o direito grego foi forjado sob bases profundamente
religiosas, realidade que transpassou a era arcaica e alcançou a famosa era clássica. Nesse sentido, a
cultura religiosa foi tão influente na configuração do imaginário cultural grego, que além do Direito,
a política também continuou fortemente marcada pelas “leis” arcaicas.