O presente artigo tem como objetivo investigar processos de interação ensino-aprendizagem na relação educador-educando com deficiência visual (DV), durante sessões de Atendimento Educacional Especializado (AEE) realizadas em uma instituição para pessoas em situação de deficiência da cidade de João Pessoa - PB. Foram adotadas duas perspectivas: a psicológica, baseada na teoria sociocultural de Vigotski, que trata da relação entre aprendizagem, linguagem e processos psicológicos superiores em crianças com desenvolvimento atípico, e a sociolinguística, que concebe a linguagem em suas interrelações com a cognição como uma forma de ação na qual, ao longo das conversações, são construídos e transformados os objetos de discurso. Participaram do estudo duas professoras videntes e dois alunos DV do 6º e do 7° anos do ensino fundamental, usuários do AEE ofertado na instituição mencionada. Os resultados apontaram a existência de certos padrões interacionais responsáveis pela emergência e manutenção de Zonas de Desenvolvimento Proximal, bem como de padrões conversacionais responsáveis pela sustentação da continuidade tópica, o que por sua vez, atesta um desenvolvimento conversacional coerente. A presença de tais regularidades permite atestar a qualidade nos processos de interação. Em suma, acreditamos que tanto a Teoria Sociocultural de Vigotski quanto a Sociolinguística Interacional são recursos relevantes para a análise e promoção de novas práticas de inclusão em que a linguagem seja considerada central e constituinte dos processos de interação que promovem o desenvolvimento das funções psicológicas superiores.