A relação entre surdez e música há muito deixou de ser cientificamente antagônica. Sabe-se hoje que o sistema ouvidos-cérebro não é a única via de captação da emanação sonora. A chamada audição óssea e a consequente absorção da percepção vibrátil permitem outros caminhos de relação com a sonoridade. A presente pesquisa tem o objetivo de investigar o uso da técnica batizada de Tatopercussão como uma estratégia de educação rítmica capaz de permitir à pessoa surda maior fruição musical. Este artigo apresenta um relato de experiência com análise qualitativa do processo de montagem do espetáculo teatral inclusivo Pelos Olhos Dela, no qual a ferramenta foi utilizada. Como resultado, constatou-se que a Tatopercussão, ação na qual mediadores transmitem a um corpo receptor elementos do ritmo de uma execução musical, pode ajudar a pessoa surda a compreender, desfrutar e executar melhor manifestações musicais.