GUEDES, Juliana Braga. Leituras do corpo em três obras de heloneida studart. Anais XIII CONAGES... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/42143>. Acesso em: 24/12/2024 09:54
Em tempos de debates sobre o feminino, Heloneida Studart, brasileira, nordestina, jornalista e romancista da década de 50, precisa retomar o posto nas discussões acadêmicas. Analisamos três obras da escritora: dois estudos - um manifestando o uso dos corpos femininos, na sociedade, ao longo do tempo, desde as sociedades primitivas até hoje, o outro defendendo a figura da prostituta como um corpo que rompe com o patriarcado – e um romance, que narra às atrocidades da ditadura, as respostas e os comportamentos dos corpos torturados por um regime intolerável. Para fundamentarmos a compreensão desse corpo contemporâneo, utilizamos ensaios literários de crítica sociológica, uma tese e uma entrevista sobre a criação literária de Heloneida Studart e alguns conceitos pensados pelo pós-estruturalismo sobre a história da sexualidade e do corpo, como exemplos: a ambivalência dos prazeres sexuais, o papel da Igreja na opressão íntima e social da mulher, a liberdade financeira e sexual femininas, a transformação do corpo em propriedade privada, a construção cultural do corpo de sexo feminino, entre outros. A princípio, percebemos um silenciamento das escritoras brasileiras feministas, que já têm um histórico de luta, nas letras contemporâneas, em contrapartida à visão comercial de feministas americanas radicais. Heloneida não era a favor da queima de sutiãs, mas foi uma deputada importante no cenário político brasileiro e batalhou em prol de melhorias das condições da mulher na sociedade. O corpo na escrita literária e ensaísta de Heloneida nos apresenta um conflito ainda regido em pleno século XXI: o do controle.