Os condicionantes climáticos do semiárido brasileiro impõem limites ao potencial hídrico dessa área. A questão hídrica a ser discutida neste artigo não se refere a escassez de água devido à falta de chuvas, já que há, mesmo com uma distribuição irregular das precipitações ao longo do ano, um grande volume de recursos hídricos provenientes da chuva no semiárido brasileiro. Porém, há grandes perdas hídricas devido ao potencial elevado de evapotranspiração, solos rasos, rios intermitentes e escassos aquíferos subterrâneos. Além disso, a maioria das famílias rurais não possuem estrutura para captação e armazenamento dessas águas para enfrentar os períodos de seca. O que faz com que as secas deixem de ser um problema apenas de impactos ambientais, e apresentem-se com fortes impactos sociais e econômicos. Diante da problemática apresentada, pretende-se discutir como a implantação de tecnologias ambientais (ou sociais) para a captação e armazenamento de águas da chuva que podem ser aplicadas como estratégias de políticas públicas para a democratização e descentralização do acesso à água no semiárido brasileiro. Além de discutir a problemática ambiental, considerando as limitações impostas pelas características físicas do semiárido, será abordada a problemática social, imposta pela apropriação desigual dos recursos naturais pelos diferentes grupos sociais.