Estudiosos têm observado, após alguns meses de prática regular em programas de atividade física,
casos de desistência e, neste sentido, diversos fatores determinantes podem estar associados.
Especificamente, a matrícula ou inserção de idosos em programa de intervenção em atividade física
parece não garantir sua permanência ao longo do tempo. Este estudo teve como objetivo analisar
fatores associados à aderência de idosos em um Programa Comunitário de Atividade Física de uma
capital do nordeste brasileiro. Trata-se de um estudo epidemiológico observacional, caracterizado
como uma coorte retrospectiva de base populacional. Para isso, foram investigados 526 registros de
idosos entre abril de 2004 e dezembro de 2009, totalizando 69 meses de observação. Os registros de
anamnese conferiam dados relacionados à inserção do idoso no programa bem como dezesseis
fatores, tratados neste estudo como covariáveis à aderência, as quais foram organizadas em quatro
grupos: “indicadores sociodemográficos”, “estilo de vida”, “percepção de saúde” e
“doenças referidas por diagnóstico clínico”; além das avaliações físicas que serviram como
marcadores de tempo. Os idosos eram do sexo feminino e apresentaram uma média de idade de 66,4
± 5,4 anos. Para caracterização do perfil e aderência da amostra foi utilizada estatística descritiva.
Para analisar o tempo de permanência utilizou-se o estimador de sobrevida não paramétrico KaplanMeier. Por fim, para analisar a associação entre as variáveis na aderência, foi aplicado o modelo
semi-paramétrico de Cox. Utilizou-se a análise inversa (1/OR) para facilitar a compreensão dos
valores significativos, quando necessário. Em todas as análises foi utilizado o intervalo de confiança
de 95% e p≤0,05; e a análise estatística feita por meio do SPSS for Windows ® versão 22.
Observou-se que, a aderência mediana na coorte foi de três meses; neste tempo, a taxa de aderência
foi de 58,1% (IC95% = 54,6 – 61,3), com Estimativa de Risco = 41,82%. O sexo feminino
apresentou chance de aderência de 45% (OR = 0,69; IC95% = 0,51 – 0,93) e os sujeitos
identificados com osteoporose apresentaram 32% mais chances de aderência (OR = 0,74; IC95% =0,60 – 0,91). Apenas 1% dos sujeitos permaneceram até o fim da coorte. A taxa de permanência foi
baixa ao longo da série. O período onde houve maior desistência foi o 3º e o 12º mês, estando
associados à aderência o sexo feminino e osteoporose não diagnosticada. Além disso, foram
percebidos 6,5 casos de censura.