Esta comunicação analisa a fotografia como fonte historiográfica e sua interface com a dimensão cultural. Neste caso, os registros imagéticos são da cidade do Salvador, realizados em meados dos século XX, e a opção de recorte são os retratos masculinos realizados pelo fotógrafo francês Pierre Verger. Salienta-se que o arquivo fotográfico de Verger é imenso, contemplando, além de paisagens, registros de homens, mulheres e crianças. No geral são fotos que mostram o cotidiano da cidade, suas sociabilidades, suas tradições, como a Festa do 2 de Julho, um samba na Cidade Baixa, etc. Marcadamente são registros das camadas populares soteropolitana e acabam por desvelar os modos de vestir em um dado momento da história. E importante destacar, e este foi o caminho escolhido, que Verger é oriundo da sociedade francesa e nesta as vestimentas ou mesmo a moda, sempre ocuparam papel de destaque. Acreditamos que este aspecto sociocultural acabou por influenciar escolhas fotográficas de Verger, posto que em várias delas a roupa acaba por ocupar um lugar de centralidade. Vale recordar que a roupa é um importante elemento das culturas, pois, como salientou Daniel Roche em A Cultura das Aparências, as roupas revelam mesmo quando querem esconder. Não por acaso a sociedade brasileira chama um vestido sem alças de Tomara que caia, o que parece revelar aspectos de uma cultura na qual a sensualidade está intricada no cotidiano, podendo aparecer inclusive no modo popular de se nomear uma vestimenta.