Artigo Anais do X Congresso Internacional de Educação Fisica e Motricidade Humana e XVI Simpósio Paulista de Educação Física

ANAIS de Evento

ISSN: 2527-2268

PRÁTICAS DE INVENÇÃO DE SI NA FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA - REFLEXÕES SOBRE AUTO-OBSERVAÇÃO

Palavra-chaves: PRÁTICAS CORPORAIS, AUTOCONHECIMENTO, AUTO-OBSERVAÇÃO Comunicação Oral (CO) AT03 - EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR; FORMAÇÃO PROFISSIONAL
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Publicado em 15 de junho de 2017

Resumo

Práticas de invenção de si são movimentos por meio dos quais lapidamos nossos modos de ser e agir. Como são práticas que demandam labor e cultivo, figuram como “treinos de si sobre si mesmo”, que mobilizam os processos formativos, reservando-lhes uma dimensão estética e existencial. Pensar a formação acadêmica à luz das práticas de invenção de si implica em pensa-la como exercício de elaboração da estética do viver. Tendo em vista essa ideia, o objetivo deste estudo foi compreender práticas de invenção de si no contexto da formação em Educação Física. Para tanto, vivenciamos conceitos e experiências com essas práticas na disciplina de graduação “Práticas Corporais e Autoconhecimento”, dos cursos de Educação Física da Unesp, Campus de Rio Claro, durante os anos de 2013 a 2016, buscando pelos movimentos que permitem pensar a formação como “treino de si sobre si mesmo”, isto é, como prática de invenção de si. Esses movimentos foram registrados em diários dos alunos e diários do professor. Fizemos uso de princípios da pesquisa qualitativa para organizar o material coletado, o que tornou possível a composição de três dispositivos de análise, por meio dos quais verificou-se três diferentes movimentos da invenção de si: a auto-observação, a expressividade e a lapidação/invenção de si. O primeiro movimento – o da auto-observação – ocupa as análises deste presente trabalho, nele, acompanhamos a progressiva e laboriosa conversão do olhar, que permite o ajuste da percepção sobre si mesmo. Observou-se que no contexto da formação em Educação Física, essa conversão do olhar requer uma série de permissões e disposições que envolvem não só a relação do aluno com seu próprio corpo, mas também a relação dele com o espaço e com os outros integrantes da classe. A necessidade de qualificação desses níveis relacionais, através de práticas que trabalham contato, confiança e harmonização coletiva, foi decisiva na potencialização e qualificação da auto-observação. Enfim verificou-se que a atenção ao clima da experiência coletiva é essencial para que a auto-observação se constitua de fato como movimento do aluno sobre si mesmo que se amplia para além da sala de aula, afetando sua vida como um todo, pois se não há afetividade e plena confiança entre os alunos e entre a relação professor-alunos, o trabalho de sensibilização corporal é minimizado, podendo gerar desde desinteresse do aluno pelas atividades ministradas, até situações de atrito entre os pares que os distanciam de uma relação mais sensível com seus próprios corpos e com seus colegas de classe. Assim, se não há preocupação com o clima afetivo da aula, o movimento da auto-observação é minimizado, o que tornará rarefeito o movimento do pensamento sobre as práticas vivenciadas em aula e sobre seus efeitos na formação. Consequentemente, o aluno terá dificuldades em experimentar sua formação como exercício artístico, isto é, como prática de invenção de si.

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