O objetivo deste estudo foi comparar a intensidade de limiar anaeróbio (Lan) e respostas relacionadas a este marcador advindas do teste incremental e de uma nova e recente aplicação intitulada Reverse Lactate Threshold Test (RLT) em exercício de ciclismo. Dez indíviduos saudáveis (idade-24±2 anos; massa corporal-79,06±12,16 kg; altura-177,5±0,6 cm) foram avaliados em cicloergômetro (Monark Ergomedic 894 E) e em ambiente laboratorial. Em ambas as aplicações a frequência cardíaca foi monitorada continuamente (Polar RS 800cx). Coletas de sangue do lóbulo da orelha (25 μl) foram realizadas ao final de cada estágio de ambos os testes, sendo a lactacidemia determinada por método eletroquímico (YSI 2300). O teste incremental foi aplicado em estágios de 3 minutos, iniciando em intensidade de 25W com incrementos de mesma magnitude a cada estágio, além da cadência mantida em 80 rpm. A intensidade de Lan (LanIncremental) foi identificada pela análise de bissegmentação das retas. A lactacidemia e frequência cardíaca referente ao LanIncremental ([Lac]-LanIncremental e FC-LanIncremental) também foram determinadas. O RLT consistiu em duas fases, realizadas também a 80 rpm. A primeira contemplou cinco estágios de 3 minutos, os quais tiveram por finalidade: a) prover um aquecimento (três primeiros estágios); b) executar um esforço na intensidade de LanIncremental); e c) elevar a lactacidemia sérica (último estágio), realizando a 20% acima da intensidade de LanIncremental). Subsequentemente, a segunda fase foi aplicada em quatro estágios de 3 minutos, com declínio de 8% na intensidade (a partir do último estágio da fase 1- 20%) a cada estágio. Um ajuste polinomial de segunda ordem foi adotado para determinação da intensidade de Lan (LanRLT). A lactacidemia e frequência cardíaca referente ao LanRLT ([Lac]-LanRLT e FC-LanRLT) também foram determinadas. O teste-t para amostras independentes, correlação de Pearson, coeficiente de variação (CV) e effect sizes (ES) foram adotados como procedimentos estatísticos, sendo a significância fixada em 5%. Além da não diferença apontada pelo teste-t (P=0,500), elevada correlação (r=0,96;P=0,000) e baixos CV (2,18) e ES (0,307) foram obtidos em termos de Lan (LanIncremental=158,41±18,85 W; LanRLT=164,08±18,07 W). Por outro lado, opostos resultados foram encontrados quanto a concentração lactacidêmica ([Lac]-LanIncremental = 2,22±1,19 mmol.l-1; [Lac]-LanRLT=6,78±4,07 mmol.l-1; P=0,003; r=0,34-P=0,323; CV=54,90; ES=1,73) e frequência cardíaca (FC- LanIncremental=161,60±9,75 bpm; FC-LanRLT=176,99±11,64 bpm; P=0,004; r=0,79-P=0,006; CV=3,13; ES=1,43). Em síntese, concluímos que ambas as aplicações podem ser utilizadas para determinar a intensidade de Lan. Contudo, cautela é necessária quando da determinação e utilização de parâmetros adicionais como a lactacidemia e frequência cardíaca na intensidade de Lan, uma vez que estes protocolos diferem substancialmente em termos de aplicação e aquisição destes parâmetros.