O reconhecimento da importância do Papiloma Virus Humano (HPV) e dos agravos associados emerge como um novo desafio no âmbito da saúde pública, levando em conta as especificidades das formas de transmissão e de manifestação ao longo da vida, se fazendo presente na maioria dos casos de câncer de colo uterino, tendo como formas de prevenção o rastreamento das lesões precursoras e a vacinação. Assim, este estudo teve como objetivo analisar as práticas em saúde e o enfrentamento ao HPV de mulheres residentes em cidades rurais do Estado da Paraíba.Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e analítico de caráter transversal, realizado em 16 cidades, cujo design foi quantitativo, o qual teve uma amostra de 421 mulheres em idade reprodutiva (abaixo de 50 anos), e qualitativo, composto por 16 mulheres com diagnóstico de HPV. Foi utilizado um questionário estruturado, sendo os dados analisados por estatística descritiva (medidas de tendência central e dispersão) e estatística relacional (Qui-quadrado e t-Student, correlação); e entrevistas, as quais foram analisadas combase em categorias determinadas a partir dos temas suscitados. Os dados estudo quantitativo apontam para um perfil de mulheres com média de idade de 35,6 anos (DP=8,13), casadas (75%), com escolaridade fundamental (51%), exercendo função de dona de casa (32%) com renda de até dois salários mínimos (93%) e 49% recebe algum beneficio social. Embora a média da idade em que ocorreu a iniciação sexual seja aos 18,8 anos (DP=4,59), verifica-se que para 23% ocorreu entre os 10 e 15 anos, 71% afirmando não terem feito uso do preservativo na primeira relação sexual e apenas 12% afirmam uso constante atualmente.Do total das participantes, 24% afirmaram nunca terem consultado com um ginecologista, 45% afirmaram que se sentem constrangidas na consulta; 11% referiram nunca ter feito exame Papanicolau, 42% nunca fizeram ultrassonografia e 77% mamografia.Complicações ginecológicas foram afirmadas por 36% das mulheres, destas, 24% afirmaram ter tido alguma inflamação ou infecção mas não souberam especificar. A maternidade foi afirmada por 86% das mulheres investigadas, com o número de filhos variando entre 1 e 11 (M=2; DP=1,44 – 88% até 3 filhos) e 56% das mulheres afirmou utilizar métodos contraceptivos, sobretudo o anticoncepcional oral ou injetável (32%). Em relação à avaliação dos serviços em saúde em geral foi atingido o escore médio de 6,3 (DP=3,02, variando de 0 a 10), portanto satisfatório, apesar de serem elencadas muitas dificuldades de acesso. A partir das entrevistas com mulheres diagnosticadas com HPV, evidenciaram-se quatro categorias: Diagnóstico Tardio; Momento do Diagnóstico; Dificuldade de Acesso; e Prevenção.Assim, evidenciou-se a falta de informação acerca do HPV e da necessidade de campanhas que incentivem as mulheres moradoras de cidades rurais a realizarem os exames preventivos, apontando para aspectos de vulnerabilidade programática.Portanto, ressalta-se a importância de suscitar o debate acerca da saúde sexual e reprodutiva das mulheres residentes em cidades rurais, da prevenção ao HPV e do câncer de colo de útero, bem como estudos que considerem esses contextos mais marginalizados quanto ao acesso às políticas públicas de saúde.