RESUMO: A tensão do cuidador familiar de idosos dependentes é um fenômeno multidimensional, cujos atributos críticos são alterações no estado físico; alterações emocionais; desequilíbrio entre atividade e repouso e enfrentamento individual comprometido. O presente estudo tem por objetivo discorrer sobre a tensão do cuidador familiar de idosos dependentes e as repercussões na vida pessoal, familiar e social. Trata-se de uma pesquisa subsidiada pela literatura sobre a tensão do cuidador familiar de idosos dependentes, considerando os conceitos, os antecedentes, os atributos e as consequências do evento da tensão. Como resultados apreende-se que os termos caregiver stress (estresse do cuidador), caregiver strain (tensão do cuidador) e caregiver burden (sobrecarga do cuidador), apesar de evidenciarem algumas diferenças etimológicas, são empregados na literatura específica para nomear o impacto negativo das demandas da situação de cuidado para o cuidador. Considerando apenas a similaridade verificada entre os conceitos tensão e estresse do cuidador, convém enfatizar que eles constituem um conceito único, de uma mesma amplitude. Entre esses termos, a tensão do cuidador é mais sensível e melhor aplicável para expressar os efeitos negativos da provisão de cuidados em nossa cultura. A estruturação teórica da maioria dos estudos sobre as respostas do cuidador ante a provisão de cuidado se respalda no modelo de estresse cognitivo-fenomenológico Stress, appraisal and coping de Lazarus; Folkman 1984), ou em estruturas conceituais desenvolvidas a partir dos pressupostos desse referencial, o qual identifica o enfrentamento e a avaliação cognitiva como mediadores críticos entre uma situação estressante e as consequências psicológicas relacionadas ao estresse para um indivíduo. Fernandes (2003) descreve a tensão do cuidador familiar de idosos como um estado dinâmico de prejuízo no bem-estar biopsicossocial do cuidador familiar, variável de pessoa para pessoa, multideterminado e cumulativo, resultante do processo de cuidado do idoso dependente, e propõe uma estrutura com três elementos de análise (antecedentes, atributos e consequências) do evento de tensão. Ressalta-se, em estudo realizado por Pereira (2015), os níveis de tensão leve, moderada e acentuada com definições operacionais como parâmetros para nortear o julgamento do enfermeiro na sua interação com o cuidador familiar. O cuidador familiar, em virtude de sua exposição prolongada aos diferentes estressores presentes na situação de cuidado, corre o risco de desenvolver problemas de saúde (hipertensão arterial, doenças coronarianas, processos dolorosos e outros). Do mesmo modo, as alterações emocionais, (depressão, ansiedade e baixa autoestima situacional), são problemas importantes, que atingem, principalmente, as mulheres, que passam mais tempo engajadas nas atividades de cuidado do idoso e da casa. Considerando a multidimensionalidade e a complexidade da tensão do cuidador familiar, conclui-se que uma melhor compreensão sobre as distintas situações manifestas pelo cuidador familiar favorece a tomada de decisão por intervenções que envolvam relações de auxilio, preparo e orientações para o enfrentamento dos problemas e a busca de soluções entre cuidadores, famílias e profissionais de serviços de saúde no processo de cuidar do idoso dependente e fragilizado.
Palavras-chave: Tensão do cuidador; Cuidador familiar; Idoso dependente.