O forrageamento em ambientes com temperaturas elevadas como é caso do bioma Caatinga, representa um grande desafio fisiológico para as abelhas. Nosso objetivo neste estudo, foi analisar a temperatura que as abelhas estão expostas ao forragear e relaciona-las com a tolerância térmica de duas espécies de abelha sem ferrão que ocorrem naturalmente no bioma Caatinga. As espécies utilizadas foram Melipona subnitida e Scaptotrigona sp. . Para investigar a temperatura que estas abelhas estão submetidas ao forragear na Caatinga, foi mensurado a temperatura efetiva na copa de uma arvore de cajueiro, espécie comumente utilizada pelas abelhas para coleta de pólen e nectar. Para entender se essas espécies toleram as temperaturas elevadas encontradas nas áreas de forrageamento analisamos a tolerância térmica das duas espécies. Operárias foram capturadas no interior das colônias, separadas em grupos experimentais com 10 a 20 indivíduos/grupo e submetidas a temperaturas elevadas por 20 minutos. Depois de 8 horas foi avaliado a taxa de mortalidade das duas espécies. Os resultados para a temperatura na área de forrageamento mostraram que em exposição direta ao sol a temperatura efetiva pode superar os 50 °C. A tolerância térmica de M. subnitida foi mais de 5 °C superior a Scaptotrigona sp. que não é capaz de suportar as temperaturas mais elevadas encontradas atualmente na Caatinga. Essa maior tolerância de M. subnitida pode indicar que a espécie está melhor adaptada do que Scaptotrigona sp. para lidar com o aumento da temperatura previsto para a Caatinga. Com o aumento da temperatura o forrageamento de Scaptotrigona sp. pode ser ainda mais limitado, podendo levar inclusive a alterações na distribuição geográfica da espécie.