GERMANO, Marcelo Gomes. Sobre ensinar o que não se sabe: os limites da razão. Anais III CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/22266>. Acesso em: 05/11/2024 11:52
Cegos pelo iluminismo de uma razão indolente, instrumental e racionalista, quase nada ensinamos sobre as inúmeras limitações que envolvem a construção do conhecimento e as impossibilidades envolvidas no ato humano de conhecer. Quando cientistas e especialistas batem o martelo, parece que aos outros, resta apenas, a possibilidade do silêncio obsequioso. Se eles sabem o que dizem e o que fazem, possuem ou estão possuídos pela razão que lhes confere o direito absoluto de julgar, a ciência “normal” e seus aliados, assumem uma postura dogmática, semelhante a da religião que prometeram desbancar. Em tais contextos, é muito importante alimentar aquela honestidade intelectual de ensinar o que não se sabe, apresentando para a sociedade e para si mesmo os limites de nossa ciência e de nossa erudição. Nesta comunicação objetivamos apresentar e discutir a posição de dois consagrados autores contemporâneos que, assim como muitos pensadores do passado, também debruçaram-se sobre essa persistente e recorrente questão. Neste esforço, procuramos atrair para um mesmo debate, os pontos de vista do sociólogo francês Edagar Morin e do sociólogo português Boaventura Santos que, a partir do auxílio de outros pensadores, construíram uma importante crítica ao racionalismo moderno, suas corajosas promessas e perigosas certezas. Pensamos que uma reflexão dessa natureza possa auxiliar na identificação daqueles cenários educativos que foram e continuam sendo interditados pela arrogância de uma razão unidimensional.