Desde os primórdios da humanidade, o ser humano vem desenvolvendo e convivendo com o meio vegetal, utilizando técnicas de melhoramento genético para o seu melhor uso. Nesse sentido, a aceitação do estudo das plantas em sala de aula poderia ser melhor compreendida pelos docentes e discentes como uma ciência importante. Pois tudo que a humanidade já conquistou e vem conquistando, do ponto de vista evolutivo e adaptativo está inerente a existência dos vegetais: produtores de carbono e geradores de vida. A relação que estabelecemos com a natureza e especificamente as plantas, é ainda estreito e ignorado. Para Minhoto (1996), os conceitos de Botânica são lecionados de forma desagradável e sem atrativo, sem um contato direto ou até indireto com as plantas. Algumas investigações no ensino de Botânica apontam também algumas ervas daninhas no que tange as metodologias. A forma como entendemos o termo “planta” e sua interação, cria um espaço indiferente principalmente dentro do contexto escolar.
A Botânica enquanto ciência pode apresentar esses desafios didáticos: metodologia inadequada, materiais e instrumentos avaliativos ineficazes, mas se prioritariamente esses desafios forem ligados ao contexto glocal do aluno, incorporando o cientifico ao popular, originará uma linguagem menos nociva e permitirá que a barreia ao desconhecido seja rompida e a curiosidade pela linguagem dos vegetais seja decifrada.
Nesse sentido, o projeto de pesquisa aprovado pelo edital 01/2016 PIBICT – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica do IFRR, possui como objetivo principal compreender a Biodiversidade botânica (morfologia floral e estratégias adaptativas) do lavrado roraimense, partindo como pressuposto a construção de material didático fotográfico digital para o ensino de botânica no ensino médio e fundamental, visto que o estado de Roraima apresenta um ecossistema muito peculiar do ponto de vista biológico e que se encontra em ameaça de extinção.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os Cursos de Ciências Biológicas sinalizam que o ensino de Biologia deva privilegiar as atividades obrigatórias de campo, laboratório e a adequada instrumentação técnica (BRASIL, 2001). Para Faria et. al. (2011), a possibilidade de ensinar botânica em um espaço não formal pode ser uma ferramenta eficaz como meio de sensibilização e torna o ensino mais estimulante. Infelizmente isso foge da realidade, principalmente no ensino de Botânica, que tanto no ensino Fundamental como no Ensino Médio é visto para os educandos como conteúdos indiferentes e de pouca aceitação por serem puramente teóricos e com muitos termos técnicos. Essa dificuldade em aprender botânica está muitas vezes intrínseca ao fazer pedagógico sistêmico e convencional- aulas puramente expositivas.
Sob esse aspecto, faz-se necessário criar materiais e ambientes de aprendizagem com o estudo da flora local, estimulando e inserindo de tal modo o discente no mundo que envolve a base das cadeias e teias alimentares – PLANTAS -, fortalecendo também a preservação da biodiversidade. Do mesmo modo, auxiliando os discentes na compreensão da Botânica, desmistificando a cegueira botânica e permitindo que o mesmo possa ter uma percepção da diversidade local, valorizando o lavrado.