LEITE, Ericka Garcia. Principais patógenos oportunistas decorrentes no climatério. Anais I CONBRACIS... Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/19421>. Acesso em: 23/11/2024 18:43
Durante o climatério/menopausa ocorrem alterações na microbiota vaginal, deixando-a mais propensa a microorganismos externos se proliferarem. Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar as principais diferenças entre microambiente vaginal em mulheres normais e durante o climatério/menopausa, e os principais causadores das vaginites e vaginoses decorrente dessa fase. Tratou-se de uma revisão bibliográfica, baseada em artigos científicos indexados em base de dados como LILACS e Scielo, nos períodos de 2001-2010 A microbiota vaginal normal da mulher é constituída por microorganismos aeróbios e anaeróbios que vivem em equilíbrio. Os lactobacillus são os principais componentes da flora vaginal normal, são produtores de ácido lactico e peróxido de hidrogênio a partir da fermentação de carboidratos, como por exemplo o glicogênio, reduzindo o pH vaginal entre 3,5 e 4,5 impedindo a colonização de microorganismos externos e causadores de doenças. O estrogênio é um dos principais hormônios atuantes no tecido vaginal, dentre as suas várias funções está a produção de glicogênio que é de fundamental importância para manter o pH vaginal mais ácido. O climatério é caracterizado por um hipoestrogenismo progressivo que acontece de forma fisiológica na vida da mulher, inicia-se normalemente entre os 40 anos estendendo-se até mais ou menos os 65 anos de idade, tendo como principal marco a interrupção do ciclo menstrual. O hipoestrogenismo induz consequentemente a uma diminuição dos Lactobacillus, aumentando o pH vaginal, favorecendo a proliferação de microorganismos patogênicos como bactérias anaeróbias, fungos e protozoários. A proliferação de bactérias anaeróbias, como por exemplo a Gardnerella vaginalis, provoca na maioria das vezes o aparecimento de corrimento amarelado ou acizentado de pequena intensidade e mau cheiroso comparado a peixe podre. Clinicamente pode ser identificada pela presença de corrimento de odor fétido semelhante a peixe, elevação do pH acima de 4,5 e presença de ‘’clue cells’’ ou células guia, que são células escamosas recobertas por bactérias, detectadas em esfregaço do corrimento, corado pela coloração de Gram. O aumento exagerado desses microorganismos aeróbios associados a baixa de lactobacillus, pode impedir a ativação do linfócito TCD4 localmente, deixando a mulher vulnerável ao vírus do HIV. Durante a fase do climatério também é comum as vaginites ou vulvovaginites, causadas por fungos e protozoários, que é caracterizada por inflamação dos tecidos da vagina, provocando corrimento tipo ‘’nata de leite’’, sendo acompanhado na maioria das vezes por coceira ou irritação intensa. Cerca de 40% das mulheres apresentam vaginites atróficas durante o climatério, ou seja, atrofia genital, causando sensibilidade vulvar, irritação, prurido, dispareunia e ressecamento das mucosas. A partir dos artigos selecionados para pesquisa, foram observados os principais causadores das vaginites e vaginoses onde estão a Gardnerella vaginalis como principal causador das vaginoses somando 67%, a Candida sp e Trichomonas vaginalis como os principais agentes causadores das vaginites, somando respectivamente 75% e 50% e as vaginites atróficas somando 50%. As mulheres que apresentam faixa etária entre 40-65 anos na fase do climatério, ficam mais vulneráveia a adquirirem as vaginites e vaginoses, devendo procurar sistematicamente ao ginecologista.