PROCÓPIO, Lycia Rinco Borges et al.. Machismo invisível e exercício profissional. Anais XII CONAGES... Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/18532>. Acesso em: 22/11/2024 22:53
As crenças, atitudes e comportamentos que compõe o machismo invisível estão presentes no ambiente familiar, no trabalho, nas instituições educacionais e nos espaços públicos e, muitas vezes, não são passíveis de repreensão do ponto de vista legal, mas afetam significativamente a qualidade de vida de inúmeras mulheres. O exercício profissional de forma justa entre os gêneros ainda é um grande desafio na sociedade brasileira. Objetivou-se neste trabalho identificar e analisar crenças, atitudes e comportamentos relacionados a exercício profissional que se enquadrem como “machismo invisível” presentes tanto no gênero masculino como no feminino, bem como sua relação com a faixa etária da população. No total, 183 pessoas de cinco diferentes municípios brasileiros participaram da pesquisa. Os participantes foram divididos em quatro faixas etárias. Os resultados mostraram que apenas 38% das mulheres participantes da pesquisa aceitariam sem nenhum problema que seus maridos trabalhassem como empregado doméstico ou diarista. Entre os homens, 25% demonstraram que aceitariam sem nenhum problema essa atividade profissional. O serviço de babá foi considerado de forma geral como o mais humilhante para ser exercido por um homem, ressaltando-se também que apenas 29% das mulheres aceitariam sem nenhum problema que seus maridos trabalhassem nessa área. Culinária foi a atividade profissional mais aceita para ser exercida pelos próprios homens e por suas esposas, demonstrando que o estereótipo de “profissão de mulher” declinou ao longo dos anos. Estes resultados demonstram a forte existência do sentimento de vergonha pelo exercício de profissões estereotipadas como femininas, tanto pelos homens como pelas esposas, demonstrando que o machismo invisível relacionado ao exercício profissional está presente tanto em homens como em mulheres. A segmentação de profissões classificadas como masculinas ou femininas continua existindo na sociedade brasileira, mesmo no segmento populacional de menor faixa etária. Para a erradicação dos comportamentos e atitudes machistas relacionadas ao exercício profissional são necessárias políticas públicas efetivas e de caráter multidisciplinar.