O processo de urbanização, intensificado no Brasil a partir da segunda metade do século XX, projetou mudanças significativas na relação da sociedade com o seu meio natural. As aglomerações urbanas materializam no espaço geográfico um modelo de desenvolvimento capitalista cada vez mais conflituoso no que se refere à relação homem-meio, sendo essa conexão insustentável do ponto vista social e ambiental. Sob esse enfoque, o estudo dos recursos naturais e, em especial, dos recursos hídricos, em áreas de clima semiárido, ganha visibilidade, em virtude da indisponibilidade de água para parcela considerável da população. Na região do Seridó, sertão do Rio Grande do Norte, a maioria das cidades se firmou ao longo de corpos d’água, principalmente os rios. São aglomerações humanas que durante muito tempo dependeram exclusivamente da água dos flúmens para resistir aos longos períodos de estiagem. A questão que se pode observar é: com o processo de urbanização nas últimas décadas, houve uma pressão maior do homem sobre essas bacias hidrográficas, culminando na deterioração dos mananciais urbanos, através da poluição/contaminação proveniente de atividades humanas. Neste sentido, objetivou-se neste ensaio, compreender a ligação entre o processo de urbanização e os impactos ambientais causados a sub-bacia do rio Cobra no trecho que compreende a malha urbana de Jardim do Seridó (RN). Assim, buscou-se através de aportes teóricos e empíricos fazer uma reflexão em torno da relação urbanização e recursos hídricos no semiárido nordestino. Os resultados indicaram que o processo de urbanização conduziu a ocupação das margens do rio Cobra, provocando na atualidade um processo de degradação da sub-bacia que é evidente.