SOARES, Marianne Maila Almeida et al.. Efeito do gênero no desempenho motor de prematuros. Anais III CONAEF... Campina Grande: Realize Editora, 2012. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/1504>. Acesso em: 28/12/2024 05:14
A prematuridade é um fator de risco biológico para o desenvolvimento motor infantil, sendo que seu efeito pode ser potencializado de acordo com o sexo da criança. É esperado que prematuros do sexo masculino apresentem um risco de mortalidade maior e mais complicações após o parto, quando comparados aos nascidos do sexo feminino o que pode acarretar em um maior risco no desenvolvimento motor. No entanto, ao longo do seu processo de desenvolvimento, onde a prática é um fator determinante para a maestria em habilidades motoras, os reforços a certos tipos de práticas ofertados aos meninos e meninas não são similares, o que também pode afetar o curso do desenvolvimento motor. Este estudo verificou o efeito do gênero no desempenho de habilidades locomotoras e de controle de objetos em crianças prematuras de primeira infância. Quarenta e sete crianças prematuras [meninos=19, média de idade =4,7 anos (DP=0,5); meninas = 28, média de idade = 4,3 (DP= 0,7)] com média da idade gestacional de 32 semanas (DP=1,7) tiveram seu desempenho motor avaliado por dois avaliadores treinados (consistências entre avaliadores 87%) utilizando a bateria de testes do Test of Gross Motor Development - TGMD-2. Este instrumento já validado e amplamente utilizado em estudos com crianças brasileiras é composto por seis habilidades locomotoras (correr, galopar, saltitar, saltar o obstáculo, salto horizontal e deslocamento lateral) e seis de controle de objeto (rebater, quicar, receber, chutar, arremessar e rolar a bola). As medidas de desempenho foram os escores brutos de cada uma das habilidades motoras, os somatórios parciais dos escores das habilidades de locomoção (LOC) e de controle de objetos (CO) e a soma dos escores LOC e CO, totalizando o Quociente Motor Geral (QMG). Após a verificação da ausência de normalidade os resultados indicaram que diferentemente dos meninos, as meninas prematuras apresentaram maiores dificuldades em executar habilidades de controle de objetos quando comparadas as de locomoção (p =0,002). Além disso, as análises inferenciais indicaram haver diferença entre os desempenho de meninos e meninas, sendo os meninos prematuros apresentando um melhor desempenho que as meninas prematuras, na habilidade locomotora do correr (p=0,019), nas habilidades de controle de objetos quicar (p= 0,010), receber (p=0,043), chutar (p= 0,002) e arremessar (p=0,001) além dos escores parciais CO (p=0,001) e QMG (p=0,003). Assim, apesar da literatura apresentar evidências de que os meninos seriam mais afetados pela prematuridade que meninas, os meninos dessa amostra foram capazes de superar suas limitações e apresentar melhores escores motores. Considerando a interação entre fatores biológicos e ambientais, acreditamos que as demandas culturais ambientais, que incentivam os meninos a práticas motoras mais vigorosas, em detrimento das meninas que são incentivadas a atividades mais sedentárias, possam ter influenciado de forma positiva o desempenho motor de meninos prematuros.