Este painel aposta na escuta como dispositivo analítico dos contextos vivenciados por adolescentes, internados em instituições socioeducativas de privação de liberdade na cidade do Rio de Janeiro. As três pesquisas apresentadas se interrelaci-onam por compartilhar a socioeducação como um espaço desafiador que nos interroga enquanto educadores e psicanalistas. A primeira contribuição analisa as narrativas de adolescentes cujas infrações ou reincidências os conduziram à mais severa das medidas de privação da liberdade, a internação. A partir, então, do conceito de necropolítica de Mbembe, articulado ao de ódio em Freud, e de sujeito em Lacan, o intuito é analisar como sujeitos identificados como metas do sadismo social, portanto matáveis com in-diferença em nossa sociedade, aprendem que são corpos portadores do “medo”, e como se elaboram, em seus contextos de privação, nessa demanda. A segunda contribuição explora o tema da transgressão enquanto marca da adolescência que entra em conflito com a lei. Busca-se, refletir sobre a transgressão enquanto uma conduta extrema de violação da lei, que sinaliza um estado-limite nas respostas subjetivas da adolescência à miséria simbólica que constituí o mal-estar contemporâneo. A última contribuição circunscreve a metodologia da observação participante com objetivo de compreender o adoecimento psíquico dos adolescentes privados de liberdade. Os achados parciais das três pesquisas apontam para as temáticas da marginalização, exclusão social, invisibi-lidade, alienação à criminalidade e o desencaixe do sistema educacional diante das demandas da socioeducação em privação de liberdade.