O estudo investigou a relação entre a temperatura do ar e a mortalidade por causas externas em quatro capitais brasileiras (Manaus - AM, Rio de Janeiro - RJ, São Paulo - SP e Salvador - BA) de 2010 a 2019, realizando a análise em toda a população e em alguns subgrupos populacionais. Utilizando um Modelo Aditivo Generalizado combinado com um Modelo de Defasagem Distribuída Não-Linear, foram analisados dados de mortalidade e clima para estimar o Risco Relativo (RR) de mortes por causas externas associadas a temperaturas do ar extremas. Observou-se que o aumento da temperatura do ar, em comparação à média do período, se associa a elevação o RR de causas externas, entretanto esse efeito varia de intensidade e até mesmo desaparece em alguns subgrupos populacionais (por sexo e raça/cor). Enquanto todos os subgrupos em São Paulo demonstraram um RR significativo, Manaus apresentou esse efeito apenas na população masculina; Salvador mostrou um efeito significativo na população preta/parda, e no Rio de Janeiro, não foi observado efeito significativo na população preta/parda. Assim, foi percebido um efeito heterogêneo e provavelmente relacionado às questões socioeconômicas e demográficas específicas de cada local. Esses resultados sugerem que políticas de saúde pública devem considerar essas especificidades e destacam a necessidade de pesquisas futuras que aprofundem a análise de subclassificações de causas externas, integrando esses achados aos debates globais sobre sustentabilidade e mudanças climáticas.