Nos dias 18 e 19 de fevereiro de 2023 ocorreu no litoral norte de São Paulo um evento de chuva intensa, que nos piores casos, alcançou aproximadamente 700 mm em 18 horas e deixou 64 mortos 2 mil desalojados e 1,8 mil desabrigados apenas no município de São Sebastião. Os relatórios do IPCC demonstram que eventos como este tendem a se tornar continuamente mais comuns. Deste modo, a atuação da climatologia geográfica para a análise crítica e descrição do evento deflagrado, identificando as influências orográficas, dinâmicas frontais e variações dadas pelo el nino e la nina, é fundamental, para a desenvolver indicadores e políticas de ação adequadas para a consolidação de sistemas de resiliência climática e planos de mitigação de impactos, a partir do monitoramento de deflagração de desastres. Assim foram reunidos dados pluviométricos do CEMADEN para a construção do mapa de isoietas que permitiram visualizar a distribuição da chuva, associando, com os dados de anomalia da temperatura de superfície do mar, disponibilizados pelo Global Foundation Sea Surface Temperature Analysis, as cartas sinóticas, proporcionadas pela marinha e imagens do satélite meteorológico GOES-16, para descrever e analisar o sistema climático atuante e sua deflagração. O desastre foi resultado de uma confluência de fatores climáticos conhecidos e que podem ser monitorados indicando uma falha do poder público e portanto a necessidade de atualizar e ampliar capacidade analítica e de ação, capacitando servidores e produzindo novas orientações para a construção planos de mitigação de impacto que reduzam o número de mortos.