O ambiente acadêmico, com seus corredores repletos de conhecimento e descobertas, também abriga sombras persistentes. Entre elas, o machismo emerge como um desafio que transcende as salas de aula. Uma pesquisa realizada na Universidade do Estado do Pará, em Belém, no ano de 2024, por intermédio de respostas a um formulário aplicado de forma online, revelou que muitas estudantes enfrentam importunação sexual e assédio baseado no gênero, impactando não apenas seu bem-estar físico e mental, mas também seu desempenho acadêmico. Entretanto, é importante ressaltar que as experiências individuais podem variar e nem todas as mulheres enfrentam o mesmo nível de assédio. Além disso, a sobrecarga de responsabilidades domésticas e o desestímulo associado aos estereótipos de gênero contribuem para a dificuldade das mulheres em permanecerem nos espaços acadêmicos públicos. Essas questões refletem normas culturais e sociais mais amplas, enraizadas em séculos de desigualdade de gênero. Nesse cenário, o feminismo interseccional, proposto por autoras como Bell Hooks, oferece uma abordagem mais consistente. Ao considerar as intersecções de raça, classe e gênero, torna-se possível compreender melhor a hierarquização feminina e sua origem nas relações de poder. Para combater esses problemas, é essencial que a universidade assuma a responsabilidade coletiva de promover a igualdade de gênero e garantir um ambiente seguro e acolhedor para todos os estudantes. Isso incluiu a implementação de políticas eficazes de prevenção e assistência em casos de machismo, bem como a realização de programas de conscientização e divulgação para promover uma cultura de respeito. No entanto, é fundamental reconhecer que estas são apenas algumas medidas iniciais e que mudanças estruturais mais profundas são fundamentais, sendo esta pesquisa, o prenúncio da identificação destes problemas, e a urgência necessária de pesquisas deste cunho, para melhoria da vivência universitária das mulheres, não apenas em Belém, mas em todo o Brasil.