Os jardins históricos públicos centrais das cidades enfrentam múltiplos desafios à sua manutenção, preservação e gestão. Compreender o cotidiano e a dinâmica social relacionada às qualidades ambientais desses lugares é essencial para trazer a dimensão humana às práticas de preservação voltadas ao patrimônio paisagístico urbano. Este artigo apresenta uma revisão teórica sobre as categorias geográficas lugar, paisagem e espaço como essenciais à compreensão da ideia Espírito do lugar. Também revisa a noção de “Genius loci” e a teoria do fenômeno do lugar como fundamentos à construção de uma base teórica e metodológica à compreensão do espaço e do caráter de um jardim histórico público. Além disso, revisa a noção de patrimônio cultural imaterial e a Declaração de Quebec de 2008 voltada à preservação dos espíritos dos lugares. A partir desta fundamentação é proposto um instrumento com abordagem colaborativa para apreender o espírito do lugar em uma praça ajardinada localizada no centro histórico da cidade de Pelotas, RS. O instrumento “Caminhada dialogada e impressões fotográficas” mostrou-se efetivo à captura de informações sobre o lugar, ao entendimento das relações estabelecidas entre pessoas e ambiente, além de iluminar aspectos relevantes da materialidade e imaterialidade deste jardim histórico público.