O desenvolvimento da sociedade capitalista evidenciou a necessidade de políticas sociais de proteção para diversos segmentos populacionais, inclusive os longevos. Esse fenômeno requereu a constituição de categorias classificatórias que se adequassem à nova condição social dos sujeitos. No Brasil, até os anos 1960 dispunha-se exclusivamente do termo velho para designar as pessoas que envelheciam e esse vocábulo podia ser uma expressão pejorativa ou afetiva, distinguindo-se pela entonação ou contexto em que era utilizado. Devido à diferenciação entre pobres e ricos, simbolicamente a velhice existia apenas para os trabalhadores, que ao perder sua força de trabalho adentravam na última fase da vida. No capitalismo, ser velho é, portanto, sinônimo de incapacidade e de pertencer às classes sociais empobrecidas. Com o aumento da longevidade, instalou-se um apelo por mudar as representações da velhice e o termo idoso foi introduzido para fazer referência a todo o conjunto de senescentes, passando a atribuir respeito. Com a elevação das pensões, decorrente da pressão social para reformulação das políticas públicas, o termo aposentado também passou a conferir certo prestígio, visto que a aposentadoria é o direito ao não-trabalho remunerado. A velhice tornou-se o tempo de realização de sonhos e os novos aposentados começaram a reproduzir hábitos da classe média para afastarem-se do estigma da exclusão, culminando com a criação das terceira idade, melhor idade e economia prateada, sob um padrão homogeneizador que reprivatizou o envelhecimento ao responsabilizar, quase exclusivamente, os indivíduos pelo seu bem-estar na velhice. Compreende-se, assim, que a diversidade de conotações assumidas pelos termos classificatórios está imbricada com a transformação da velhice em uma questão pública e com sua inserção nos discursos oficiais, sem, contudo, indicar a reconfiguração de seu lugar social. Nesse escopo, a abordagem gerontológica reitera a necessidade de romper com estereótipos negativos associados ao uso do termo velho na contemporaneidade.