Esta pesquisa objetivou analisar as memórias narradas nos suportes didáticos elaborados pelos indígenas Kariri-Xocó/AL. Para tanto, foi necessário conceituar memórias no campo da história e do pensamento indígena; identificar as memórias narradas e vinculadas nos suportes didáticos dos Kariri-Xocó/AL e entender os significados das narrativas veiculadas nos suportes didáticos para Educação Escolar Indígena diferenciada e intercultural. Este estudo orientou-se pela abordagem da pesquisa qualitativa em Educação e ancorou-se nos pressupostos da fenomenologia-hermenêutica porque objetivou evidenciar os significados atribuídos pelos sujeitos ao fenômeno pesquisado. Tratou-se de um estudo de caso em que adotou-se uma postura etnográfica de pesquisa, na intenção de valorizar a escuta, as observações e o respeito às práticas culturais. A pesquisa foi desenvolvida com o povo Kariri-Xocó que habita o território indígena no município de Porto Real do Colégio, região Leste de Alagoas, a cerca de 180 km da capital Maceió. Ao analisar as memórias narradas e veiculadas no suporte didático produzido pelos indígenas Kariri-Xocó ficou evidenciado que os significados atribuídos às memórias estão relacionados à história produzida coletivamente no percurso do modo de “Ser e viver Kariri-Xocó”. Assim, observaram-se nas narrativas analisadas que as memórias registradas correspondem a três importantes aspectos da vida do povo Kairi-Xocó: as memórias de origens; as memórias do ser e do viver e as memórias do conviver. Entre as memórias de origens situam-se as narrativas que dizem de sua ancestralidade, de sua cosmologia, de sua história e de sua memória recente. Nas memórias do ser e do viver, pelas palavras dos mais velhos e dos mais novos, estão as narrativas de como vivem os Kariri-Xocó no tempo presente em relação a um passado de abundâncias. Presente que encerra uma denúncia da precarização da vida pela negação dos direitos indígenas. Nas memórias do conviver, as narrativas apontam para as relações entre si e com os outros seres humanos e não humanos. A pesquisa também apontou a participação de professores/as indígenas e lideranças como agentes envolvidos na/e com a escola no protagonismo de efetivar Educação Indígena diferenciada e intercultural