Nas disciplinas de Ciências e Biologia, os conteúdos relacionados ao ensino de Botânica foram e ainda são uma dificuldade em sala de aula, tanto para alunos quanto para professores, visto que, já em 1937, Rawitscher escreveu sobre o desafio de tornar a Botânica uma temática menos “enfadonha” no ensino secundário (SOUZA et al, 2017). A Botânica é uma das áreas que apresentam maior dificuldade de assimilação de conteúdos, o que está associado muitas vezes aos professores, que, por não terem tido a capacitação suficiente e adequada, acabam tratando os assuntos de forma muito superficial ou até ignorando os sob a alegação da falta de afinidade, não só deles como dos alunos (AMARAL, 2003; SOUZA et al., 2017). Towata e colaboradores (2010) falam que o ensino de Botânica, assim como o de outras disciplinas, é reprodutivo, com ênfase na repetição e não no questionamento. O professor é a principal fonte de informação, passando aos alunos os conhecimentos que acumulou de forma não-problematizada e descontextualizada do ambiente que os cercam (KINOSHITA et al., 2006). Podemos somar à lista de dificuldades a chamada “cegueira botânica”. O termo refere-se ao fato de que, apesar do reconhecimento da importância das plantas para o homem, o interesse pela biologia vegetal é tão pequeno que as plantas raramente são percebidas como algo mais que componentes da paisagem ou objetos de decoração, tornando o interesse dos estudantes ainda menor e aumentando a dificuldade do processo ensino-aprendizagem (WANDERSEE et al., 2001, HERSHEY, 2002; TOWATA et al., 2010; CAMARGO-OLIVEIRA, 2007). Segundo Júnior (2011), quando o processo de ensino é desenvolvido através de atividades que utilizam instrumentos e saberes cotidianos, traz a possibilidade de aprendizagem mais eficaz, pois quando o aluno tem contato direto com o objeto de estudo de sua realidade, ele passa a envolver-se cada vez mais em relação às aulas convencionais em que, geralmente, a ênfase é o conteúdo abordado teoricamente (BATISTA; ARAÚJO, 2017). Apesar de muitos docentes afirmarem reconhecer a importância e a necessidade da realização de atividades práticas em sala de aula, na maioria das vezes isso não acontece (Lima, 2004). Contudo, o ensino de Botânica apresenta peculiaridades que justificam um olhar mais cuidadoso e específico para suas questões (URSI et al., 2018). O ensino da anatomia vegetal é considerado complexo. Por se tratar de um assunto abstrato e pouco visto, torna-se pouco atraente, sendo frequentemente deixado para ocasiões futuras, onde serão vistos de forma rápida e sem aulas práticas (GONÇALVES; MORAES, 2011). Algumas espécies de plantas possui a capacidade de rebrotar, após queimadas, ataque de herbívoros, ou ações antrópicas. Essa capacidade de rebrota, se dá pela presença de um sistema subterrâneo desenvolvido. Sistemas subterrâneos assim, possuem em sua maioria um banco de gemas, que em condições favoráveis à planta pode promover a renovação das partes aéreas, como folhas e galhos (TANSLEY, 1946; BARROSO, 1986; CARVALHO, 1991). Entre as espécies que possuem essas características encontram-se as Asteraceae. A família Asteraceae é a mais diversa das angiospermas,com milhares de espécies vegetais distribuídas ao redor do mundo, exceto a Antártida. Os membros dessa família são reconhecidos por possuirem valor econômico e medicinal. As espécies possuem hábito herbáceo, subarbustivo ou arbustivo. São altamente diversificadas, principalmente no que se refere ao habitat e as suas formas de vida (SAAVEDRA et al., 2018). Uma das características mais marcantes e diversificadas da família Asteraceae são os seus sistemas subterrâneos desenvolvidos, que apresentam capacidade de armazenar substâncias que podem ser translocadas em períodos desfavoráveis como durante a estação seca na Caatinga, além de garantir a sobrevivência após períodos de queimadas, permitindo dessa forma uma rebrota em alguns casos. Embora apresente ampla importância ecológica, os sistemas subterrâneos de Asteraceae ainda guardam inúmeras lacunas para sua compreensão taxonômica, ecológica e evolutiva, e estudos anatômicos podem contribuir para esclarecer essas questões (APPEZZATO-DA-GLÓRIA; CURY, 2011). Sabendo da dificuldade enfrentada para o ensino da anatomia vegetal e para compreensão da funcionalidade de estruturas a nível microscópicos, bem como a importância de estudar sobre estruturas subterrâneas de plantas. O presente trabalho realizou um estudo de caso, da espécie Cosmos bipinnatus uma espécie da família Asteraceae. Essa espécie possui uma ampla distribuição e é considerada uma planta invasora. O principal objetivo do trabalho foi comprovar a presença de um banco de gemas em sua estrutura subterrânea e justificar o porquê de a planta conseguir ressurgir após atos de capinação.