OLIVEIRA, Iranilson Buriti De. Saúde e educação bucal através dos aparelhos ortodônticos. Anais I CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2014. Disponível em: <http://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/7939>. Acesso em: 28/11/2024 01:02
Esta pesquisa, parte do meu projeto de produtividade em pesquisa (CNPq/2013-2016), tem como objetivo principal abordar a relação entre educação, mercado, saúde e produção do sorriso e do corpo saudável na Paraíba, no período compreendido entre 1919 a 1945, tendo como referencial teórico-metodológico autores da Nova História Cultural, dentre os quais Roger Chartier e Michel de Certeau. Como fontes, estamos lançando mão do jornal A União e da Revista Era Nova, além de decretos e leis voltados para a saúde pública e educação do corpo na Paraíba no período supracitado. Assim, em diversos reclames publicitários do jornal União e da revista Era Nova, a educação do sorriso é apresentada como fundamental para o homem moderno, para a conquista de novos territórios culturais, sociais e profissionais. Dessa forma, diversos agenciamentos pedagógicos e publicitários são utilizados como dispositivos para que o homem e a mulher tenham boca e sorrisos perfeitos, mercadologicamente produzidos, estrategicamente orientados para o consumo de escovas, dentrifícios e enxaguatórios e visitas sistemáticas aos cirurgiões dentistas. No referido período, a implantação dos gabinetes dentários nas escolas públicas paraibanas também fez parte dessa pedagogia da boca, mobilizando políticos e educadores em prol da construção de uma população higienicamente produzida. A educação cívica, física e moral é agenciada na hora de educar o corpo para o ambiente moderno. Apelos propagandísticos, como a comparação do homem desdentado ao tatu são elaborados, de modo a produzir um efeito educativo nos leitores de jornais, revistas e encartes publicitários. Em 4 de julho de 1935, o jornal A União compara o homem desdentado ao tatu, afirmando que “muitos indivíduos chegam à velhice desdentados como os tatus; é que não usaram, na mocidade, o creme dental Eucalol, à base de eucalypto, que impede a formação do tártaro e tonifica a gengiva”. Dessa forma, ser desdentado é visto pelo discurso educativo-publicitário como algo animalesco, terrível para a produção do soldado da pátria, para o futuro do Brasil.