ALMEIDA, Cristina Lúcia De et al.. Formando leitores críticos para além da escola. Anais I CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2014. Disponível em: <http://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/7336>. Acesso em: 27/11/2024 19:50
Tomando por base a perspectiva de língua enquanto prática sociointerativa (BAKHTIN, 2002), este trabalho tem por objetivo discutir o processo de formação do leitor para além do espaço escolar, ainda que mantendo com esse uma estreita relação no sentido de observar as práticas desenvolvidas com a leitura literária em momentos pedagógicos mediados, buscando refletir os métodos usados, propondo novos. Assim, analisa a atividade de ensino e extensão universitária desenvolvida pelo Colégio de Aplicação do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco, Projeto “Laboratório de Pesquisa e prática de leitura da comunidade de Roda de Fogo”. Metodologicamente, a pesquisa é de base qualitativa. A análise incide sobre o universo dos encontros pedagógicos comunitários mediados por estudantes de licenciatura em Letras e professores do Colégio de Aplicação da UFPE: um corpus composto de registros do desenvolvimento das oficinas de leitura destinada aos frequentadores da Sala de Leitura mantida pelo Projeto, em geral alunos de escolas públicas do Recife em situação de vulnerabilidade social, bem como os registros do interesse de leitura dos frequentadores do espaço apresentados em fichas/questionários. Mais especificamente três significativas ações estão no foco do estudo: “O livro do mês Vidas secas”, “O livro do mês Morte e vida Severina” e o momento intitulado “A sala convida”, em que realizamos uma homenagem à Clarice Lispector, a partir do livro A hora da estrela. Além da observação e registro dos eventos, traremos da discussão das fichas de interesse da leitura, uma vez que nelas os envolvidos nas ações apresentaram, de modo sistematizado, a impressão acerca dos livros e da mediação realizada. Como resultados, observamos que a experiência em tela coloca em foco o ensino-aprendizagem de Língua e Literatura enquanto prática social, uma vez que, no tocante ao ensino de literatura, ainda precisa-se ocorrer alguns reflexões acerca de como levar o texto literário às salas de aula, tornando esse espaço como formador do aluno em seu caráter crítico-reflexivo frente à obra lida. Nesse contexto, as atividades de ensino pautadas na mediação literária com vistas à produção de sentidos, tendo o espaço dos envolvidos como ponto de partida, repercutem nas respostas críticas dos leitores participantes das oficinas de leitura, evidenciando-se em suas análises dos valores sociais e estéticos das obras literárias lidas; por fim, a avaliação dos participantes das ações trouxe ao coletivo de experimentação de leitura literária como um movimento relevante para a sua formação literária, no sentido de apresentar obras contextualizadamente e ampliar às condições de se estabelecer para sua vida veículos de sentido com a leitura, em muito perdidos. Com as atividades de extensão, o ensino-aprendizagem baliza-se pela função social do conhecimento, a integração dos sujeitos e o compromisso social da escola.